Camponesas lançam campanha contra agronegócio em Porto Alegre

08/03/2007 - 21h18

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Cerca de 700 mulheres gaúchas, ligadas à Via Campesina, realizaram manifestações em Porto Alegre hoje (8). Elas lançaram oficialmente a campanha Mulheres Camponesas na Luta pela Soberania Alimentar e Contra o Agronegócio.No ato, realizado na Universidade Federal do estado (Ufrgs), as agricultoras fizeram uma exposição de alimentos da economia camponesa “para mostrar a importância da produção de alimentos saudáveis”.Antes do evento, as líderes do movimento foram recebidas em audiência pelo reitor da Ufrgs, José Carlos Ferraz Hennemann, que “prometeu não assinar nenhum protocolo de pesquisas que seja prejudicial à sociedade e ao meio ambiente”.Segundo a assessoria de imprensa da Via Campesina, Hennemann “se comprometeu a aprofundar o debate sobre a plantação do eucalipto, antes de fechar protocolo com a Aracruz Celulose”. Luiza Rodrigues, da direção estadual da Via Campesina, atribui a “vitória” a mobilização das mulheres “que fizeram várias manifestações durante a semana, para alertar sobre o deserto verde, como é denominada a monocultura do eucalipto”.Ela destacou que durante o protesto “para demonstrar o repúdio a um convênio que a Universidade pretende assinar com a Aracruz” as campesinas também ressaltaram a necessidade de estudos e trabalhos para o aprimoramento da pequena agricultura.O protesto das mulheres começou perto do meio dia após os 12 ônibus que vieram do interior do estado terem sido revistados e as militantes identificadas nas barreiras feitas pela Brigada Militar.Às 11h45, as camponesas iniciaram as manifestações sobre a produção de alimentos saudáveis, no centro de Porto Alegre, onde se encontraram com as mulheres urbanas. “O objetivo é mostrar que enquanto o agronegócio produz desertos verdes, a reforma agrária e a agricultura camponesa geram comida, trabalho e vida digna no campo e alimentos de qualidade para as populações urbanas”, disse Maria Jurema Justo, outra representante da Via Campesina. Ela destacou também que “a luta das mulheres este ano é em defesa da vida, daí a necessidade de alimentação saudável”.No Largo Glênio Peres, próximo a Prefeitura da cidade, o grupo de mulheres encontrou com os estudantes que protestavam contra a presença do presidente norte-americano George W. Bush no Brasil. Juntos, mulheres e estudantes queimaram um boneco de Bush, na Avenida Sete de Setembro.