Subsídio agrícola concedido pelos Estados Unidos é "nefasto ao livre comércio", diz Lula

08/03/2007 - 16h57

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou hoje (8) de "nefastos ao livre comércio" os subsídios agrícolas concedidos pelo governo dos Estados Unidos. Lula encontra-se amanhã (9), em São Paulo, com o presidente norte-americano, George W. Bush, e a questão dos subsídios agrícolas deverá ser um dos assuntos em pauta. Depois de receber, no Palácio do Planalto, o presidente da Alemanha, Horst Köhler, o presidente Lula pediu que a União Européia facilite o acesso dos produtos agrícolas de países pobres ao mercado europeu. A Alemanha preside atualmente a União Européia. Na opinião de Lula, é preciso acabar com os subsídios para destravar as negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estão travadas desde julho do ano passado. “O que nós queremos? Que a União Européia flexibilize o acesso ao mercado agrícola para os países mais pobres. E nem falo do Brasil porque, em se tratando de agricultura, o Brasil é muito competitivo. O que nós queremos é que os Estados Unidos possam diminuir os subsídios, tão importantes para os agricultores americanos, mas tão nefastos ao livre comércio que tanto apregoamos”, afirmou Lula, em declaração à imprensa, depois do encontro com Köhler.“Da parte do Brasil e do G 20 [grupo dos países em desenvolvimento], nós estamos dispostos – se levarmos em conta a proporcionalidade em função do tamanho de cada país, da situação econômica da cada país – a flexibilizar nos produtos industriais e nos serviços, para que possa haver acordo. Eu penso que a Alemanha joga um papel extraordinário, não só porque preside, mas porque a Alemanha é um país de muita força política na Europa”, completou.Lula disse que espera, nas próximas quatro ou cinco semanas, anunciar “ao mundo que finalmente os países mais pobres terão uma chance de se desenvolver”. Ele voltou a afirmar que a Rodada Doha só será destravada se houver decisão política dos chefes de Estado envolvidos na questão. Köhler afirmou que é prioridade do governo alemão avançar nas negociações. “É preciso emitir um sinal de confiança no sentido de que a comunidade internacional é capaz de cooperar”, enfatizou Köhler. “Estou otimista que vamos conseguir levar essas negociações a um bom termo”, disse ele. "Não vamos só levar a sério da voz do Brasil, mas tirar conclusões comuns de uma globalização com rosto humano.O presidente alemão reconheceu que a Rodada Doha é uma oportunidade chave para combater a pobreza mundial.