Brasil apóia restrição a captura em águas profundas, diz diretor da Secretaria de Aqüicultura e Pesca

06/03/2007 - 23h47

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil apóia  o pedido de moratória à pesca dearrasto em grandes profundidades, principalmente por causa da fragilidade dosambientes nos quais essa atividade é desenvolvida, segundo o diretor deDesenvolvimento da Pesca da Secretaria de Aqüicultura e Pesca (Seap), LuizEduardo Carvalho Bonilha.

 Ele lembrou que essa é uma iniciativa que já estásendo discutida pelo Brasil e por outros países no âmbito internacional daOrganização das Nações Unidas (ONU). “É um posicionamento que Seap tem com basenas próprias conferências nacionais de aqüicultura e pesca, que tiveram comodiretrizes e recomendações que o arrasto profundo tem um limite e que sepromovam, inclusive em águas internacionais, métodos de captura que não afetema estrutura dos ecossistemas”, disse Bonilha, em entrevista à Agência Brasil.

 Segundo o diretor, a discussão sobre a suspensão dapesca profunda é antiga e está cada vez mais ganhando espaço e colaboradores.Ele destaca que a pesca de arrasto destrói sistemas frágeis como recifes de coraisde profundidade e campos de esponja: “Eles possuem milhares de anos de lento desenvolvimento e não agüentariam impactos de atos de pesca como a dearrasto, pouco seletiva e destruidora de ambientes”.

Luiz Eduardo Carvalho Bonilha informou que aSeap, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama,responsável pela fiscalização da pesca) e a Marinha estão  atuando juntosno combate à pesca ilegal. A partir deste ano, segundo ele, o governo retomarácampanhas e antigos programas de fiscalização pesqueira que eram promovidospela Marinha.

“Nós vamos resgatar isso, que foi uma experiência positivado passado e vamos aplicar, novamente, dentro de uma forma integrada, nosentido de trabalhar nos grandes ciclos pesqueiros do Brasil, nas grandessafras, com atividades direcionadas para cada demanda”, disse Bonilha.

O aquecimento global é outro tema que tem preocupadobiólogos, oceanógrafos e zoólogos, especialmente por causa das incertezas emrelação aos impactos que serão causados. O diretor da Seap disse que ainda nãoforam traçadas tendências climáticas para os oceanos e bacias hidrográficas.“Mas, com certeza, as mudanças globais impactarão também a circulação global ea precipitação das grandes bacias hidrográficas.”

De acordo com Bonilha, é preciso discutir os reflexosdessas mudanças a longo prazo. Por essa razão, ele diz que é um avanço arealização do 1º Workshop Brasileiro sobre Modelagem de Ecossistemas Aplicada àPesca.

No encontro, o biólogo pesqueiro Gonzalo VelascoCanziani, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresentou um estudo sobreo potencial  pesqueiro na costa do Rio Grande do Sul, desenvolvido com opesquisador Jorge Pablo Castello, da Fundação Universidade do Rio Grande(Furg).

Ele explica que a pesquisa teve por objetivoreunir informações sobre a área que vai do Cabo de Santa Marta Grande,localizado ao o sul de Santa Catarina, até o limite com o Uruguai, no Chuí eordená-las de maneira a gerar um modelo de informações integradas sobre as potencialidadesdos recursos pesqueiros.  “É uma das áreas mais ricas em recursospesqueiros e uma das mais exploradas também”, diz.Segundo o biólogo, o modelo permite avaliar osimpactos que a extração de um determinado recurso pesqueiro pode gerar nosdemais setores do ecossistema onde ocorreu a retirada. Ele diz que a idéia étambém monitorar a exploração abusiva de determinadas espécies de peixe. “Alémde proteger a biodiversidade, também estamos protegendo a população humana quevive disso. Tudo é um grande sistema e o homem é parte dele.”