Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 2 milpessoas participaram hoje (3), Dia Internacional da Pessoa comDeficiência, da Caminhada pela Acessibilidade, organizada peloMinistério da Saúde, pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa comDeficiência e pela organização não-governamental Força do Bem.
Artistas,representantes da sociedade civil organizada e portadores dedeficiência de vários municípios fluminenses, acompanhados defamiliares, percorreram cerca de 5 quilômetros na Praia de Copacabana,carregando faixas e cartazes em defesa do acesso à educação, aotransporte, ao trabalho e ao lazer.
Apresidente do Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio deJaneiro, Leila Cerqueira, destacou a importância do foco naacessibilidade. ”As pessoas com deficiência saíram de um tempo desegregação, primeiro pela família e depois pelas instituições que asabrigavam, para esse mundo da acessibilidade que agora está sedescortinando, que nada mais é do que ter acesso às políticaspúblicas”, disse.
SegundoCerqueira, apesar do avanço na legislação, falta a efetivação daspolíticas: “Nós temos uma legislação que garante à pessoa comdeficiência o acesso ao mercado de trabalho, mas para isso ela precisaestar qualificada e o que ocorre é que ela tem barreiras. As escolasnão estão preparadas para receber os deficientes físicos, há barreirasarquitetônicas; os deficientes auditivos não têm intérpretes na sala deaula, falta o acesso à educação inclusiva”.
Elatambém apontou a barreira do transporte coletivo: "Uma pessoa comdeficiência física não tem acesso ao transporte e, com isso, não chegaà escola. E quando chega, a escola não está adaptada. É precisoentender que essas pessoas podem produzir como qualquer outra, mas asociedade é que não está adaptada para recebê-las".
Deacordo Sheila Miranda, coordenadora da área técnica de Saúde da Pessoacom Deficiência do Ministério da Saúde, o objetivo da mobilização foisensibilizar a população e os governantes sobre a importância dainserção em todos os contextos sociais. "Todas as pessoas comdeficiência têm o direito a pertencer à sociedade, uma vez que asociedade se organize para isso”, afirmou.
SolaneCarvalho, que teve paralisia infantil e hoje preside, no Rio, aAssociação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite, citou também oproblema do transporte para pessoas com deficiência: “Eu tenho 43 anose andei pouquíssimas vezes de ônibus na minha vida, porque eu nãoconsigo entrar num ônibus. E essa é realidade de milhares debrasileiros“. Ela acrescentou: “Se não nos oferecerem condições deefetivamente ingressar na sociedade, nós não teremos acesso à saúde, àeducação, ao trabalho, ao lazer, a nada. Na verdade, não existecidadania sem acessibilidade”. De acordo com dados do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% da populaçãobrasileira – cerca de 25 milhões de pessoas – têm alguma deficiência,incluindo incapacidades mentais, auditivas, visuais ou de locomoção.