Brasília, 27/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, disse há pouco no programa Diálogo Brasil, exibido em rede pública de televisão, que o Brasil está "muito mais preparado para enfrentar qualquer crise do que estivemos no passado". De acordo com ele, "o que falta para estabilizar a economia brasileira é a estabilização da dívida pública".
No estúdio da TV Nacional, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Glauco Arbix, disse concordar com Velloso: "O Brasil é um país estruturado. Temos instituições sólidas. A economia está muito melhor que há quatro, cinco anos atrás".
Raul Velloso, no entanto, criticou a taxa de juros da economia, por estar acima dos 14% ao ano (a taxa foi mantida pelo Comitê de Política Econômica do Banco Central em 19,75% ao ano): "Sem dúvida, a gestão macroeconômica do Brasil é muito sólida, mas com a queda de taxa de juros, pode ocorrer uma recuperação da economia".
Já o vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, que participa do programa, ao vivo, no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, afirmou que a crise política não atingiu, de fato, a economia: "Eu estou até otimista com o desempenho da economia real, porque as indicações de investimento estão boas e a desaceleração da economia de 2004 para 2005 era esperada".
Fiocca contou, ainda, que há uma demanda firme por bens de capital, como caminhões e ônibus. "Houve uma queda de consumo no setor agrícola, mas não vejo relação com a crise política", explicou.
No estúdio da TV Cultura, em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, disse que "a cabeça do empresário – seja grande, médio ou pequeno – não se deixa influenciar pelo ambiente político". Ele afirmou ainda, que o brasileiro precisa consumir "da hora que dorme à hora em que acorda" para impulsionar a economia.
De acordo com Synésio, os industriais brasileiros enfrentam uma concorrência acirrada com mercados internacionais, principalmente a China: "Hoje, até para colocar cabelo em boneca o brasileiro tem que ser o melhor".
O Diálogo Brasil é mediado pelo jornalista Florestan Fernandes Jr. e conta com a participação dos telespectadores, que enviam dúvidas e comentários por telefone, fax ou e-mail. É transmitido também para o Japão, por meio da TV Brasil Internacional.