Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados vai quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que prestou esclarecimentos hoje aos membros do Conselho sobre as denúncias da existência do chamado esquema de "mensalão" na Câmara.
O relator da matéria no Conselho, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), pediu a Jefferson que indicasse o nome de parlamentares envolvidos no esquema do mensalão para que outras quebras dos sigilos fossem solicitadas pelo Conselho, mas o deputado se recusou a apontá-los.
"Eu posso falar por mim, mas não posso falar pelos outros", enfatizou. O relator solicitou então autorização a Roberto Jefferson para que a quebra dos sigilos dele seja efetivada. A autorização, no entanto, precisa ser aprovada pelo plenário da Câmara.
Foram quase sete horas de depoimento ao Conselho de Ética. A sessão, bastante tumultuada, foi marcada por bate-bocas e discussões entre Roberto Jefferson e membros do PP e PL. O presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, chegou a trocar ofensas pessoais com o petebista e acabou perdendo o direito de fazer novos questionamentos a Jefferson. Já o líder do PL na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), também discutiu com Roberto Jefferson e o chamou de "mentiroso". O presidente do PTB, no entanto, manteve as acusações reveladas desde a semana passada e disparou novas críticas ao governo federal e a membros da base aliada.
Jefferson revelou publicamente o nome de deputados que estariam efetivando o pagamento de mesadas a parlamentares do PP e PL, mas garantiu que os demais partidos da base aliada não participam do esquema. Entre os deputados mencionados por Jefferson, estão Sandro Mabel, Valdemar da Costa Neto e Bispo Rodrigues (PL-RJ).
No final da sessão, Roberto Jefferson garantiu que está à disposição do Conselho de Ética para prestar novos esclarecimentos. Amanhã, o deputado vai encaminhar ao Conselho de Ética a sua defesa por escrito. Após a análise da defesa, os membros da Comissão poderão convocá-lo para novos depoimentos.