Ministérios alertam população sobre doença do peixe cru

10/04/2005 - 9h34

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os ministérios da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estão alertando a população sobre os casos de difilobotríase ou "doença do peixe cru" diagnosticados em São Paulo. Em um ano (de março de 2004 a março de 2005), o estado detectou a ocorrência de 27 casos da doença, que é associada à ingestão de peixes crus ou mal cozidos, consumidos em restaurantes japoneses. Belo Horizonte também registrou cinco casos da parasitose entre setembro do ano passado e março deste ano.

A difilobotríase é uma doença causada pelo parasita Diphyllobothrium latum e provoca fraqueza, dor abdominal, náuseas, vômitos, avidez por sal, diarréia, emagrecimento e anemia grave. O salmão é o principal transmissor da doença.

A Anvisa informou que "os pescados submetidos à cocção (cozido, frito ou assado) não trazem risco para o consumidor" e recomendou que seja evitado o consumo do produto cru ou mal cozido. Outro cuidado deve ser o congelamento por pelo menos sete dias a –20º C ou a - 35º C por no mínimo 15 minutos.

Para o chefe da Divisão de Pescados e Derivados do Ministério da Agricultura, Lúcio KiKuchi, as pessoas não devem evitar o consumo de peixe. "O consumidor brasileiro não precisa ter nenhum medo em relação a essa parasitose, desde que tome as precauções de comer um peixe bem cozido e bem assado e, se for mal cozido ou cru, que haja o congelamento nas temperaturas e tempos indicados. Assim, não há possibilidade de que a pessoa venha a contrair a verminose em nenhum momento".

Quase todo salmão fresco consumido no Brasil é importado do Chile, mas a hipótese de contaminação do peixe chileno ainda não foi confirmada. "A vigilância epidemiológica de São Paulo está rastreando informações junto às pessoas que tiveram esse problema, para verificar onde eles comeram e quais foram os fornecedores desse pescado, mas ainda não está confirmado que seja um peixe do Chile que tenha causado isso. Há certa suspeita em relação ao salmão chileno, mas a Vigilância Epidemiológica de São Paulo não confirmou isso ", disse Kikuchi.

Em 2004, o Brasil importou 10.633 toneladas de salmão fresco do Chile e 2.317 toneladas entre janeiro e fevereiro de 2005. Além do Chile, o Brasil também importa essa espécie de peixe - em pequena quantidade - da Argentina e de alguns países da União Européia. Para entrar no Brasil, o pescado deve ter certificado emitido pela autoridade sanitária do país exportador. "Esse certificado sanitário valida o peixe, dizendo que o lote que está vindo para o Brasil tem todas as garantias, e que o produto não tem nada grave que possa provocar algum problema para o consumidor", afirmou Lúcio KiKuchi.

Segundo ele, mesmo com as suspeitas, o comércio brasileiro com o Chile não será suspenso. "Nós temos conhecimento de outros países como Japão, Estados Unidos e União Européia, em que essa doença acontece em poucas proporções e eles também não fazem nenhuma restrição ao comércio de peixe fresco porque o problema para controlar isso, tanto em nível de captura como em nível de cultivo, é praticamente impossível".

O Ministério da Agricultura informou que estabeleceu contatos com a autoridade sanitária chilena para obter os esclarecimentos necessários sobre controle utilizado em relação à parasitose. Dependendo das informações obtidas, será avaliada a pertinência de se utilizar, como informação obrigatória na rotulagem, a forma de consumo. Além disso, o ministério investiga três empresas suspeitas de terem fornecido o peixe contaminado.