André Deak
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre – "A colonização que ainda sofremos, a herança da escravidão e a transformação do país em uma grande empresa multinacional" são os maiores problemas, as "três chagas" que a sociedade brasileira tem que enfrentar, afirmou o teólogo e escritor Leornado Boff, enquanto participava neste sábado (29) do Fórum pela Dignidade Mundial, um dos eventos do 5º Fórum Social Mundial (FSM).
"Para nossa vergonha, fomos os últimos a libertar os escravos – e sem nenhuma compensação. Tiramos dos calabouços e jogamos na favela, e hoje temos 60 milhões de afro-descendentes no Brasil", disse o teólogo. Segundo ele, a Igreja Católica, hoje, "não tem o direito de falar em dignidade: está sentada no sangue de milhões". Boff explicou que em 1519, quando o espanhol Hernán Cortez chegou à América do Norte, havia 20 milhões de índios no Império asteca. "Hoje, existe 1,5 milhão de indígenas no México. É o maior genocídio da história", acusou.
O escritor ainda defendeu que o primeiro direito é o direito à vida, "depois vêm as outras liberdades, de ir e vir, de pensar o que quiser. Primeiro, é preciso estar vivo para isso". Por fim, Leonardo Boff propôs três critérios para julgar as tradições religiosas que existem: "toda tradição que implica em sofrimento de qualquer pessoa tem que ser abolida; toda religião que viola os direitos humanos deve ser abandonada; e tudo aquilo que significa a violação da terra, da água e do meio ambiente, deve ser abolido".