Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Davos (Suíça) - Dois dias em Davos foram suficientes para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dar o seu recado a uma platéia de empresários, chefes de estado, autoridades, artistas e representantes de movimentos sociais. Este ano, a cidade suíça foi novamente palco para o presidente Lula cobrar dos participantes do Fórum Econômico Mundial ações para minimizar os problemas sociais da humanidade.
Vislumbrar o lucro não é mais um assunto exclusivo do maior encontro capitalista do mundo. A erradicação da miséria também está sendo levada a sério pelos participantes do fórum. O encontro termina amanhã (30), mas o presidente já embarcou para o Brasil.
A presença de Lula foi aplaudida pelos participantes. Ontem, em mensagem de quase 30 minutos, ele voltou a cobrar dos líderes mundiais engajamento social e ações que possam trazer melhores condições de vida para a população menos favorecida.
Desta vez, a iniciativa de priorizar questões sociais no âmbito do fórum não foi só iniciativa do presidente brasileiro. O presidente da França, Jacques Chirac, por exemplo, apoiou em público, ao falar em Davos, a iniciativa da criação de um fundo de combate à pobreza, como já propôs Lula. Para o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, esta idéia não seria tão eficiente. Em contrapartida, Blair defendeu, no primeiro dia do fórum, o fim dos subsídios concedidos pelos países ricos a produtores de algodão e açúcar, questão que o Brasil e outros países agrícolas vêm cobrando há anos.
Questões sociais à parte, hoje, o tom do discurso do presidente Lula foi voltado para a área do negócio. Durante toda a manhã em Davos, ele e seus ministros mostraram a empresários estrangeiros um país que está pronto para receber investimentos, como já foi feito em Genebra e em Nova Iorque no ano passado. O objetivo é atrair novos investimentos para o Brasil, principalmente depois da aprovação do projeto das Parcerias Público-Privadas.
Cem empresários europeus, americanos e asiáticos foram convidados a participar do evento, mas apenas 27 compareceram. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não considerou o encontro um fracasso. Ele disse ser "normal" uma presença mínima de participantes em reuniões como essa, principalmente por acontecer paralelamente ao Fórum Econômico Mundial. Palocci mostrou-se otimista com os novos investimentos estrangeiros no Brasil, apesar do auditório estar vazio.
Lula, ao sair da sessão plenária com os empresários estrangeiros, também disse estar otimista com os negócios no Brasil. "As pessoas já percebem claramente que o país não é mais um coadjuvante e não quer ser mais um coadjuvante", disse o presidente. "O Brasil tem tudo para continuar crescendo, tem tudo para desenvolver o papel mais importante do mundo", finalizou.