Bruno Bocchini
Enviado especial
Porto Alegre - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse hoje que quer intensificar o processo de ajuda "trilateral" aos países africanos. A ajuda trilateral envolve um país africano, um desenvolvido, que forneceria a ajuda financeira, e o Brasil, que gerenciaria os recursos. A ministra participa dos debates sobre desenvolvimento sustentável no 5° Fórum Social Mundial (FSM).
"No lugar de os países desenvolvidos fazerem as ações de cooperação diretamente nos de língua portuguesa na África, eles estariam contribuindo economicamente para que o Brasil faça essa cooperação. E nós podemos ajudar, por exemplo, na parte de reflorestamento, com a cooperação técnica, enviando peritos brasileiros nesta área", explicou.
Para a ministra, a semelhança entre a cultura dos países africanos e a do Brasil é um fator determinante para a eficiência dos programas de auxílio. "Nós achamos que a cooperação trilateral é muito importante na medida em que os países que têm cultura semelhante e, às vezes, até a mesma língua, como é o caso do Brasil, possam estar passando suas experiências para esses países, já que países desenvolvidos não têm familiaridade com essas realidades".
Em meio às discussões do encontro em Porto Alegre, a ministra ressaltou que o Brasil está buscando formas de ser beneficiado com a aprovação do protocolo de Kyoto. O protocolo pede que os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5% em relação aos níveis de poluição de 1990. Essas metas deverão ser atingidas no primeiro período de compromisso do Protocolo, entre 2008 e 2012. O Brasil poderia "vender" sua cota de não poluição para países que poluem acima do exigido pelo acordo.
"Com o protocolo de Kyoto estamos buscando cada vez mais aperfeiçoar a forma de como seremos beneficiados no mecanismo de desenvolvimento limpo. Isso é um trabalho feitoem conjunto pelo o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Nós não somos o ponto focal, mas estamos devidamente imbuídos desse propósito de ampliar cada vez mais esse potencial", afirmou a ministra.