Professor de Braile pede compreensão da sociedade no Dia da Pessoa com Deficiência

03/12/2004 - 21h16

Silva Diniz
Repórter da Agência Brasil

São Luís - "Gostaria que a sociedade se preparasse para conviver com a pessoa com deficiência física. O cego, por exemplo, se habitua com a sua condição, mas a população não se acostuma tão facilmente a lidar com os cegos". Esta é a mensagem do professor de Braile (método de leitura para quem não enxerga) José Ribamar Mesquita Alves, que perdeu a visão há mais de 20 anos, no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência Física, comemorado hoje.

Para a data, uma vasta programação foi realizada no Centro de Educação Especial Helena Antipoff, no bairro do Ipase, numa iniciativa do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). O professor José Mesquita, formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão, trabalha no Centro de Apoio Pedagógico (CAP) Ana Maria Patello Saldanha, que fica no bairro Santa Cruz, referência no Maranhão em atendimento a pessoas com deficiência visual. Esta é uma das quatro instituições sob o comando da Supervisão de Educação Especial da Seduc, que lidam com alunos portadores de necessidades educacionais especiais e, além da capital, atendem a mais 63 municípios maranhenses.

Com cerca de 320 alunos, o Centro Helena Antipoff assiste crianças com deficiência mental e deficiência múltipla e, além disso, oferece ensino pré-profissionalizante para crianças a partir dos 14 anos. A escola organizou todo o evento e apresentou oficinas de psicomotricidade, danças e outras atividades que executa. Há também o Centro de Atendimento a pessoas com Surdez (CAS) Professora Maria da Glória Arcângelo, que atende a mais de 500 pessoas em 10 escolas da capital, instalado na rua do Sol, centro de São Luís.

Os alunos do CAS trouxeram para o Helena Antipoff oficinas em vídeo sobre a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). A quarta instituição é o Centro João Mohana, instalado no bairro Vinhais, responsável pelo atendimento a crianças com Síndrome de Dawn. Exposições de trabalhos, como esculturas de cerâmica feitas por estudantes com deficiência visual, pinturas e artesanato em geral, além de material didático e apresentações de trabalhos de professores e alunos compuseram as festividades. Houve também um mini-campeonato de futebol para cegos, que pôs em quadra os times da Escola de Cegos do Maranhão (Escema) contra o quinteto de atletas do CAP Ana Maria Patello.

A professora Lúcia Dias, à frente da Supervisão de Educação Especial da Seduc, ressaltou a importância da conscientização da população nesta data: "Gostaria que a comunidade, assim como a família, participasse conosco deste dia, que é o dia que nós temos para mostrar para a sociedade que a pessoa com deficiência é um cidadão que pode e deve participar de todos as atividades cotidianas, como o trabalho e o lazer".

Dados do Censo Escolar de 2003 (MEC/INEP) registram que a participação do atendimento inclusivo cresceu, no Brasil, passando dos 24,7% de 2002 para 28,7% em 2003, um aumento de 30,6% em apenas um ano, em relação às matrículas. A participação do atendimento em separado, nas classes especiais e nas escolas especiais, diminuiu, passando de 75,3% para 71,3%.