Questão agrária não avançou no Pará depois do massacre de Carajás, diz líder do MST

19/11/2004 - 18h18

Brasília, 19/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - Quase nove anos depois do massacre de Eldorado do Carajás, a questão agrária no Pará não avançou. A avaliação é do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no estado, Francisco Moura, conhecido como Tito. Ele acompanhou na tarde desta sexta-feira o terceiro julgamento dos comandantes e policiais envolvidos na operação que resultou na morte de 19 sem-terra, em abril de 1996.

"Essa questão agrária continua do mesmo jeito aqui, não avançou. E uma das nossas bandeiras daqui para a frente é continuar ocupando terra", revelou Tito. Atualmente, informou, o MST mantém seis grandes ocupações no Pará: "Há um mês, tanto as áreas do MST como as da Fetrag estão ameaçadas de despejo, e a gente sabe que esse despejo vai ser truculento."

O líder do MST no Pará lamentou a absolvição dos policiais que participaram da operação em Eldorado do Carajás, mas comemorou a decisão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do estado, de decretar a prisão dos dois comandantes. Em julgamentos anteriores, Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira, foram condenados a 228 e a 158 anos de detenção, respectivamente.

O terceiro julgamento foi acompanhado por cerca de 800 integrantes do MST, que fizeram vigília diante do tribunal, na capital paraense. O grupo lembrou o massacre com a exposição de corpos mutilados feitos em argila. Na sala do tribunal, cerca de 70 pessoas assistiram à sessão.