São Paulo, 19/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Cultura, Gilberto Gil, admitiu hoje a possibilidade de criação de uma classificação de recomendação de faixa etária para os jogos eletrônicos, tal como já existe para os brinquedos, caso a questão seja levantada com freqüência. Nos Estados Unidos, os próprios fabricantes de jogos criaram faixas de classificação etária, obrigatória nas embalagens, por meio de sua entidade de classa, a ESA, sigla em inglês para Associação de Software de Entretenimento.
O Brasil não possui uma legislação definida para a comercialização de jogos eletrônicos, embora os primeiros ciclos de videogames e jogos para computador datem de 20 anos. Em alguns deles, o jogador é geralmente colocado no papel de ladrão de carros, soldado, mercenário, agente secreto, com elevados graus de violência. As vendas de softwares de entretenimento, basicamente jogos, somaram US$ 6,9 bilhões nos EstadosUnidos e, segundo a ESA, o valor de vendas ao exterior é ainda maior.
Gilberto Gil disse que os jogos eletrônicos fazem parte da cultura porque englobam aspectos de desenho, de imagem fotográfica, televisão, temas e personagens ligados à literatura e à ficção. "É cultura em todas formas que se pode imaginar. Além disso, é uma forma interativa na qual jovens, adultos e crianças interagem. É uma linguagem através da qual as pessoas se expressam e se comunicam", acrescentou.
Mesmo os jogos violentos têm sua representação cultural, porque, de acordo com o ministro, a violência é parte da vida e um dos dados da cultura contemporânea. "Bom ou ruim, é um dado cultural. Uma das razões básicas para que se culturalize a violência é justamente ter formas de combatê-la, de se opor a ela, de criar alternativas a ela, mas tem que ser evidentemente vista como uma dimensão cultural", afirmou Gil, que participou de cerimônia na Eletronic Game Show – EGS 2004, a primeira feira de jogos eletrônicos realizada no país.
Durante a feira o ministro anunciou o resultado da primeira etapa do Concurso de Jogos Eletrônicos, promovido pelo Ministério da Cultura, no qual foram selecionados 36 projetos.
E lembrou que a Secretaria de Audiovisual lançou recentemente um programa nacional que oferece cursos para que os jovens proponham a criação de games. "Uma das funções da secretaria agora é lançar um programa nacional de criação e estruturação de jogos eletrônicos, incentivando inclusive os pontos de cultura que estão sendo criados e que vão ter equipamentos digitais".
Para Gil, o mercado brasileiro de games pode e deve ser alavancado: "O Brasil ter sua própria produção de vídeo games é uma das formas para que nós não sejamos apenas importadores de games, mas criadores, criando uma troca intensa entre comunidades, estados e cidades."