Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje a empresários paranaenses, em encontro na Associação Comercial do Paraná, que vai "estourar um champanhe" em seu gabinete quando as exportações brasileiras chegarem a US$ 100 bilhões. Ele atribuiu importante parcela do crescimento da economia nacional à política externa de seu governo, de abertura de novos mercados.
"Teve gente que fazia crítica pelo fato de eu viajar. Eu resolvi tomar a decisão de viajar porque decidi que o Brasil deveria se apresentar no exterior de cabeça erguida, altivo e não um país subordinado achando que tinha que depender apenas da relação com os Estados Unidos e com a União Européia".
A abertura do comércio exterior foi o motivo que levou o presidente a percorrer 48 países em 20 meses de governo. "Em cada país que visitei as nossas exportações cresceram acima de 30%", destacou o presidente. Na América do Sul, por exemplo, a expansão do comércio brasileiro com os vizinhos foi de 78%. "Aqui se falava tanto de integração do continente, mas todo governante brasileiro ficava de costas para a América do Sul e olhando para a Europa e os Estados Unidos. Nós resolvemos primeiro olhar o nosso quintal, cuidar do nosso terreiro, da nossa gente e quando falarmos de integração, falarmos de integração verdadeira", disse.
O presidente Lula retomou o discurso do início do seu governo, de que não é possível uma integração entre os países da América do Sul sem a realização de obras de infra-estrutura como rodovias, hidrovias, portos, aeroportos e sistema de telecomunicações. "É preciso construir esta política de confiança para que a gente possa crescer", disse o presidente.
O resultado da viagem, em 2003, a cinco países árabes foi o aumento em 50% do comércio brasileiro com o Oriente Médio. O mesmo, com percentuais de crescimento comercial diferentes, aconteceu com a África do Sul, China e Índia. Agora, o objetivo do presidente Lula é incrementar as vendas para o Japão, um comércio que no seu entender tem potencial de crescimento.
"O que não queremos é fazer com que alguém pense que queremos brigar com os Estados Unidos ou com a União Européia. Pelo contrário, queremos nos aproximar cada vez mais porque estes países têm potencial de comprar e vender para nós. Agora, o que nós queremos, é dizer para eles que nós gostamos de respeitar e de ser respeitado. Nós precisamos defender a indústria brasileira, a agricultura brasileira", disse.
O presidente lembrou que a criação do G-20 (grupo dos países em desenvolvimento), em Cancún, foi fundamental para que o Brasil ganhasse disputas importantes na Organização Mundial do Comércio (OMC) como as do açúcar e do algodão."Foi graças ao G20 que nós conseguimos ganhar a questão do açúcar e do algodão na OMC quando governos passados tinham medo de entrar com processos na OMC achando que era impossível ganhar uma proposta lá", acrescentou Lula.