Monitoramento da navegação aérea por satélite em 2010 já cria demanda

01/10/2004 - 22h01

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi, lembrou hoje que há uma demanda crítica por um satélite geoestacionário porque, a partir de 2010, o monitoramento de toda a navegação aérea deve ser feito por satélite, segundo estabelecem acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário.

"O Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), depois de avaliação do Conselho Superior da Agência, provavelmente vai sugerir na sua revisão que seja uma meta construir um satélite geoestacionário brasileiro. E a idéia é que seja para antes de 2010, no máximo em 2008 ou 2009", afirmou Gaudenzi.

O presidente da AEB disse que, pessoalmente, é favorável à construção de um satélite geoestacionário próprio. "Se for viável, o é por vários aspectos. Primeiro porque é nosso e o segredo será mantido. Também porque eu desenvolvo tecnologia, formo pessoal, credencio técnicos, credencio a indústria que trabalha na área espacial a fornecer equipamentos no exterior. Além disso, essa indústria vai empregar gente e vai pagar imposto", justificou.

Gaudenzi afirmou ainda que, decidida a construção do satélite, os recursos serão provenientes do Tesouro Nacional. Caberá à AEB definir se o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolverá o equipamento e também se o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), do comando da Aeronática, ficará encarregado de construir o lançador do satélite. "Essas duas instituições já estão se especializando nessas áreas e é possível que continuem nesse caso", explicou.

Reportagem do jornal "O Globo" de hoje dava como certa a reativação da Telebrás como coordenadora dos serviços do satélite geoestacionário, cujo projeto já estaria sendo conduzido pelos ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência e Tecnologia. O objetivo seria construir dois satélites, de acordo com a reportagem, até 2008, para que o país se torne idenpendente de empresas privadas nessa área.

O ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, negou, por intermédio de sua Assessoria de Imprensa, que a Telebrás será reativada. Ele lembrou que a extinção da empresa foi definida pela Lei Geral de Telecomunicações (LGT) e qualquer alteração teria que ser feita por meio de projeto encaminhado ao Congresso. "O presidente Lula não falou nada comigo sobre o destino da Telebrás", disse o ministro.

Hoje pela manhã, o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa, confirmou que o governo está estudando a possibilidade de lançar um satélite geostacionário. Ele informou que o estudo técnico tem financiamento do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações(Funttel) e está sendo conduzido pelos ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia, além da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).