São Paulo, 15/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), embaixador Rubens Ricupero, disse hoje que a idéia de taxar transações financeiras oriundas de paraísos fiscais e o comércio de armamento para a criação de um fundo mundial de combate à fome e à pobreza - que foram citadas hoje no discurso do presidente Lula - é boa, mas esbarra em algumas dificuldades.
Para Ricupero, o problema sobre os paraísos fiscais é que "as remessas de dinheiro não são feitas de uma maneira ostensiva e o ideal seria mesmo fechar". Acrescentou que as operações realizadas nos paraísos fiscais não são declaradas e as instituições são sigilosas. Disse que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) está empenhada em buscar uma forma de "disciplinar esses paraísos fiscais, mas a dificuldade é imensa porque a resistência é grande".
O receio, segundo o embaixador, é que os países que aceitassem as novas regras ficariam desfavorecidos em relação aos que ficassem de fora. "O grande problema é fazer com que funcione. Há um esforço em curso no mundo, mas não se chegou ainda a um resultado satisfatório", ressaltou
Sobre a idéia da taxação do comércio de armamento, Ricupero disse que seria bem mais exequível. "Dependeria dos países aceitarem e isso passasse a gerar uma regra para fins sociais".
O presidente Lula informou no discurso de hoje que um grupo técnico está estudando todas as propostas para definir um plano para o fundo mundial de combate à fome e à pobreza, que será apresentado a chefes de estado convidados pelo presidente em reunião prevista para o dia 20 de setembro, em Nova York, nos Estados Unidos.