Devoluções de soja pela China pouco afetam exportações, afirma Furlan

15/06/2004 - 20h24

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - As recentes devoluções de carregamento de soja pela China terão pouco impacto no resultado de exportações previsto para este ano, afirmou hoje o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ao comentar as consequências do escredenciamento de outras 15 exportadoras de soja para a China, ocorrido na segunda-feira. Isso elevou a 23 o total de empresas recusadas pela autoridades sanitárias chinesas para futuros carregamentos de soja, por embarcarem sementes tratadas com fungicidas junto com os grãos para consumo humano.

Furlan e o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, reuniram-se no início da tarde com uma delegação chinesa, liderada pela ministro assistente de Comércio Exterior chinês, Yi Xiaozhun, para quem o problema será solucionado tecnicamente. "A soja na China é para consumo humano, nossa preocupação é com a saúde humana. Em breve, os técnicos dos dois países vão se sentar para encontrar juntos uma solução, o mais depressa possível. Portanto, acho que nós vamos resolver esse problema.", disse o ministro chinês. Xiaozhun acrescentou que a China tem interesse em ampliar as importações de soja do Brasil.

Furlan ressaltou o interesse da China em importar álcool combustível, dentro de um acordo bilateral de energias renováveis, pois o crescimento da frota de veículos naquele país está entre 30% e 40% ao ano. A China já produz e utiliza álcool combustível, mas em volume pequeno e com custo mais elevado que o Brasil. A reunião com a delegação chinena incluiu discussões sobre a ampliação de produtos industriais, entre os quais calçados de maior valor agregado.

O ministro fez também um balanço de resultados dos demais encontros de hojecom ministros de comércio da Nigéria, Marrocos, Coréia do Sul, Finlândia e Índia. O Marrocos, disse Furlan, pode se tornar uma interessante porta de entrada para produtos brasileiros na União Européia. Já com a Nigéria, o Brasil pretende intensificar seus negócios de forma a tornar mínimo nosso saldo negativo na balança comercial com esse país, que gira em torno de 1 bilhão de dólares. Os finlandeses já têm diferentes negócios no Brasil, que geram cerca de 5 mil empregos e iniciarão um empreendimento de produtos para exportação, no valor de 1 bilhão de dólares, com capitais privados da Finlândia, Suécia e do Brasil. Segundo Furlan, o negócio tem saldo de exportações anual estimativo de 500 milhões de dólares e deverá operar no segundo semestre de 2005.

Além de ter interesse no álcool combustível, o ministro indiano Kamal Nath revelou a intenção da Índia de acelerar um acordo de livre comércio com o Mercosul. Furlan reafirmou a disposição brasileira de enviar uma numerosa delegação comercial à Feira Internacional da cidade indiana de Delhi, em novembro deste ano.