Brasil, Índia, Austrália, EUA e Europa têm encontro histórico e convergem para acordo agrícola

13/06/2004 - 21h05

André Deak
Repórter Agência Brasil

São Paulo – Os maiores exportadores agrícolas do mundo, Brasil, Índia, Austrália, Estados Unidos e União Européia, estão mais próximos de fechar uma agenda conjunta para aumentar o comércio nesse setor. Em coletiva de imprensa realizada hoje na 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim, avaliou que "foi uma discussão útil, temos possibilidades de avançar, mas há efetivamente muito trabalho pela frente". Segundo ele, o encontro teve caráter "histórico".

Para a reunião, vieram ao Brasil o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, o ministro do Comércio da Austrália, Mark Vaile, o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, e o comissário de Relações Exteriores da União Européia, Pascal Lamy. "O fato de termos percebido convergência suficiente para instruir os técnicos a continuar o trabalho com urgência é algo muito importante. Reunir países tão diferentes em torno de uma agenda comum é algo histórico", afirmou Amorim.

O chanceler brasileiro explicou à imprensa que os ministros tiveram uma reunião intensa, de quase quatro horas. "Discutimos a questão agrícola na Organização Mundial do Comércio (OMC) e também os três pilares de exportação: apoio doméstico, acesso à mercados e subsídios à exportação. Sobre todos eles tivemos uma conversa frutífera, em que entendemos melhor as preocupações de cada parte, e concordamos que é preciso prosseguir paralelamente nos três pilares", disse. O Brasil e a Índia, lembrou Amorim, falam não apenas em interesse próprio, mas representando todos os países do G-20, grupo formado por países em desenvolvimento.

O representante europeu explicou que uma negociação como esta requer em primeiro lugar um acordo político, que existe. Mas o último estágio é realizar cálculos para cada item envolvido. "Estamos no meio do caminho entre a política e os cálculos finais. Ainda temos que fazer um esforço conjunto para calcular muitas coisas, em cada um dos três pilares", disse.