Unctad: investimentos estrangeiros na América Latina caem até o limite e nova tendência é de aumento

13/06/2004 - 19h40

André Deak
Repórter Agência Brasil

São Paulo – "Em 2003, os investimentos estrangeiros diretos na América Latina e no Caribe declinaram pelo quarto ano consecutivo, de US$ 109 bilhões em 1999 para US$ 49 bilhões", revelou o relatório mundial de investimentos 2004 das Nações Unidas. O estudo foi divulgado hoje, durante a 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad XI), que acontece em São Paulo até o dia 18. Segundo a Unctad, esse valor corresponde ao "limite" mínimo e, a partir de agora, os fluxos em direção á região devem tornar a ampliar-se.

Brasil e México, os maiores países da região, continuaram registrando uma queda significativa nos investimentos em 2003 – de US$ 33 bilhões em 2000 para US$ 10,1 bilhões em 2003, no caso do Brasil, e de US$ 26 bilhões em 2001 para US$ 10,7 bilhões em 2003, no caso do México.

Vários fatores contribuíram para o declínio, explica o relatório, alguns deles claramente além do controle dos países citados. Entre esses motivos, estão as multinacionais, que deixaram de investir no exterior por conta da piora das condições econômicas no país sede. Estados Unidos e União Européia, grandes investidores, sofreram em 2001 uma sensível redução no crescimento econômico que vinham desenvolvendo.

De acordo com o "Índice de Investimentos Potenciais" da Unctad, o futuro deve ser mais favorável para muitos países. O crescimento dos investimentos, segundo os economistas da Unctad, deverá ser acentuado no Chile, seguido por México, Argentina, El Salvador, Panamá, Venezuela, Costa Rica, Trinidade Tobago, República Dominicana, Uruguai e também o Brasil – nessa ordem. "Entretanto, esforços consideráveis deverão ser feitos pelos governos", finaliza o documento.

Ainda segundo a Unctad, a diminuição dos investimentos estrangeiros na América Latina também está relacionada a uma normalização dos fluxos. No fim da década de 90, avalia o relatório, as privatizações no continente atraíram uma "explosão" de capitais, principalmente no setor de serviços.