Brasília, 30/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Para mais de dois mil petistas, os sete meses de governo Lula representaram um "cavalo de pau ideológico e autoritário da direção do PT", como definiu o membro do diretório nacional do partido, o economista Plínio de Arruda Sampaio Jr. A insatisfação veio em forma do manifesto "Resgate do PT", que será lançado hoje em São Paulo, pelo grupo. O documento é um apelo para que as antigas bandeiras do partido sejam retomadas.
As expulsões da senadora Heloísa Helena e dos deputados Luciana Genro e João Batista Araújo, o Babá, são vistas com insatisfação pelo grupo. "Não queremos cisão nem expulsões. Não queremos viver com uma espada sobre a cabeça de cada militante do PT, até terminar com a liberdade de expressão e de debate no partido", diz o manifesto.
No texto, o grupo pede o assentamento das 60 mil famílias prometido pelo governo. A reforma da previdência também é alvo de crítica dos petistas. "Uma reforma da Previdência que prossegue a obra iniciada por FHC, reduzindo os direitos e abrindo para a privatização nos Fundos de Pensão", diz o documento.
A política adotada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não foi poupada. Segundo os petistas, as medidas adotadas por Meirelles representam uma política "suicida de altos juros e um regime de câmbio, que estão levando a uma onda sem precedentes de demissões". Eles criticam ainda a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo o grupo, a medida mostra que o governo "cede facilidades às multinacionais da indústria automobilística".
Para Plínio de Arruda Sampaio Júnior, o documento é o retrato de que a direção do partido não está agradando muito de seus ativistas. De acordo com ele, em cerca de duas semanas o grupo conseguiu as mais de duas mil adesões, o que mostra que a insatisfação interna é maior do que se imagina. "Nós não entendemos as decisões tomadas pela direção", ressaltou o economista.
Ele disse também que esta manifestação é apenas o começo. "Cada setor do partido está se preparando e tem seu ritmo próprio para manifestar", frisou.
O ministro- chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse neste sábado em Belo Horizonte que o manifesto não terá "eco e consistência dentro do PT". "Isso faz parte da vida política do país e do PT. Eles se opuseram a todas as nossas políticas todos esses anos", enfatizou Dirceu.
Quanto às críticas de que o partido estaria perdendo suas bandeiras, o ministro José Dirceu destacou que o PT conta com apoio significativo do eleitorado. "É o primeiro partido na sociedade que tem 35% de apoio do eleitorado. Um partido no Brasil que tem um apoio como este, tem bandeiras e apoio da sociedade. Não vejo razão para dizer isso", afirmou.