Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oito anos depois da Conferência de Durban, naÁfrica do Sul, que definiu uma agenda global anti-discriminação, aOrganização das Nações Unidas (ONU) vai avaliar o andamento do acordo.De amanhã (20) a sexta-feira(24), a sede da organização em Genebra (Suíça) vai ser o palco para aprestação de contas sobre as políticas de combate ao racismo,discriminação, xenofobia e outras formas de intolerâncias que os paísesse comprometeram a tomar.Chamada de Conferência de Revisão deDurban, o encontro deverá acertar mecanismos para garantir e ampliaras determinações acordadas em 2001. “Essa reunião devepressionar por ações mais práticas. Os Estados tem que dizer o quefizeram e, se não fizeram, o que vão fazer, e como pretendem fazer.Espera-se que os governos reconheçam sua limitada ação contra oracismo. Ele ainda persiste nos corações e nas mentes tanto de governantescomo de governados, por isso as vítimas continuam sofrendo a pressão dadiscriminação”, apontou o diretor-executivo da organizaçãonão-governamental Ágere Cooperação em Advocacy e secretário nacional deações com a sociedade e o governo da Comunidade Bahá´í, Iradj RobertoEghrari, nomeado relator da Conferência da ONU.Além da questãoracial, a revisão vai abordar questões como religião e liberdade deexpressão, temas de difícil consenso entre nações árabes e paíseseuropeus. Durante a última semana, a costura de acordos para elaboraçãodo texto base da conferência levantou impasses como a inclusão doholocausto como um dos episódios que nunca deve ser esquecido pelahumanidade, ao lado do tráfico de escravos, do apartheid e doscolonialismos, por exemplo. “O Brasil se colocou contrárioporque colocar o holocausto minimizaria o quefoi o impacto do tráfico transatlântico dos escravos na nossa história.Estaria trazendo uma história que na mídia mundial é muito conhecida eo tráfico transatlântico de escravos ficaria em um segundo patamar”,relatou Eghrari. A referência ao holocausto se manteve separada dosoutros episódios. Depois de muita polêmica e negociação naúltima semana, os negociadores dos países fecharam o documentoprévio da conferência, que deverá ser ratificado pelos ministros deEstado no fim da reunião. A delegada permanente do Brasil em Genebra,embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo, que participou danegociação, acredita que não devem haver maiores impasses durante asemana.“O texto tem as posições que o Brasil vem defendendo hávários anos. A questão da ação afirmativa, a condenação ao tráfico deescravos, as reparações, a coleta de dados, a questão das migrações quesão muito importantes para os países em desenvolvimento, educação,aids, saúde”, listou a embaixadora em entrevista após o acordo sobre odocumento. O encontro deve reunir cerca de 4 mil pessoasem Genebra, entre integrantes de governos e de organizações dasociedade civil. A delegação brasileira será chefiada pelo ministro daSecretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial(Seppir), Edson Santos.