Médicos das Forças Armadas começam a atender em hospitais do Recife

02/09/2008 - 21h36

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ameaça de demissão coletiva por parte dos médicos que trabalham em hospitais da rede estadual em Recife (PE) levou as Forças Armadas a mobilizar cerca de cem militares da área de saúde para apoiar no atendimento à população da capital pernambucana. O pedido de ajuda havia sido feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final da semana passada pelo próprio governo de Pernambuco, que temia que faltassem profissionais nos hospitais recifenses. Segundo o Ministério da Defesa, integrantes da Marinha, Exército e da Aeronáutica já começaram a atender a população. Somente hoje (2), o Hospital de Campanha da Aeronáutica instalado no II Comando Aéreo Regional, no bairro de Boa Viagem, realizou mais de 60 consultas básicas nas especialidades de ortopedia, clínica geral, pediatria e ginecologia.

Quinze médicos do Exército especialistas em ortopedia, cirurgia geral e cirurgia vascular que já atuavam no Hospital Geral de Recife estão trabalhando nos hospitais da Restauração, Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães e Otávio de Freitas. Os casos de alta complexidade estão concentrados no Hospital da Restauração. Até amanhã (3), outros 40 médicos da Marinha se somarão ao grupo, atendendo especialmente no Hospital Naval de Recife.

Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde, a ameaça de demissão é parte da estratégia de pressão dos médicos para a negociação salarial. Ainda de acordo com a assessoria, desde o dia 5 de agosto, 272 profissionais entregaram suas cartas de demissão.

Na última sexta-feira (29), o governo de Pernambuco aceitou o pedido de desligamento dos 21 primeiros médicos aque solicitarem a exoneração, o que, diz a assessoria da Secretaria de Saúde, causou a revolta da categoria. Em seu site, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) afirma que, “sabendo do seu valor, os médicos intensificaram o movimento demissionário em apoio aos exonerados”.

A Agência Brasil não conseguiu ouvir os representantes dos médicos, reunidos desde às 19h de hoje para analisar a última proposta de reajuste salarial feita pelo governo pernambucano. Segundo a imprensa local, os médicos pedem aumento do salário-base de R$ 1.900 para R$ 3.400; reajuste nos percentuais do Plano de Cargos Carreiras e Vencimentos, além de gratificação igual à recebida pelos neurocirurgiões.