Tarso diz que ligação de escutas com operação da PF não será excluída das investigações

02/09/2008 - 19h02

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro da Justiça, Tarso Genro, disse hoje (2) que avinculação das denúncias de grampos no SupremoTribunal Federal (STF) com a Operação Satiagraha, daPolícia Federal, “é uma linha de investigaçãoque não está excluída”. Ele lembrou que oinquérito da operação contou com o apoio daAgência Brasileira de Inteligência (Abin), suspeita deter feito as escutas no STF.“Issonão quer dizer que essa relação tenha originadoqualquer ato ilegal. Tem que se verificar na investigaçãoque atos ocorreram, por que ocorreram e se a Abin estava fazendocoleta de informações ou investigação. Seestava fazendo investigação, já tem umailegalidade para ser corrigida, porque não pode fazer. Tudoisso vai ser esclarecido”, disse o ministro.SegundoTarso, uma das hipóteses apresentadas ontem (1º) peloministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, generalJorge Félix, em reunião no Palácio do Planalto,foi a de que as escutas teriam sido feitas para beneficiar obanqueiro Daniel Dantas. Durante a Operação Satiagraha,Dantas foi preso duas vezes, mas foi solto graças a habeascorpus concedidos pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes,vítima das escutas.Tarsogarantiu que o inquérito da Polícia Federal para apurara ligação da Abin com as escutas não tem umsuspeito inicial. “Todas as hipóteses podem ocorrer emrelação a este grampo”, afirmou.Naavaliação do ministro, se as escutas tiverem sidofeitas pela Abin, houve um desvio da legalidade da agência.“Aí, é um problema de Estado sério. Mas se foialgum agente que fez por motivo próprio ou vinculado ainteresses de terceiros, aí é um desvio de condutalegal do agente, que tem se ser severamente punido e a agênciatem que melhorar o controle sobre suas atividades”, avalia.Oministro garantiu que, até agora, não recebeu nenhumadenúncia sobre a participação de agentes daPolícia Federal nas escutas, mas garantiu que, se houverindícios, eles serão investigados com o mesmo rigor. “Se tiver alguém da PFque participou de um esquema como esse, ele é um traidor dacorporação e tem que ser exemplarmente punido eexpulso”, disse. Ele não descartou a possibilidade de osgrampos terem sido feitor por pessoas privadas.Tarsodisse acreditar que o diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda, nãotoleraria a realização de escutas ilegais e que seuafastamento preventivo serve para criar um ambiente de transparênciapara a investigação. Segundo ele, se o inquéritocomprovar que a escuta foi um ato individual, a responsabilidadepolítica de Lacerda estaria anulada. “Ninguém podeprever a conduta de um indivíduo”, justificou.