Polícia do Senado investiga se grampos foram feitos a partir de suas instalações

02/09/2008 - 19h19

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Secretaria de Políciado Senado Federal já iniciou as investigaçõespara identificar se foram feitos na Casa os supostos grampos ilegais emtelefones de autoridades, inclusive do presidente Garibaldi AlvesFilho. O diretor dasecretaria, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, disse àAgência Brasil que em um primeiro momento o objetivo dainvestigação será o de verificar se houvetentativa de escutas ilegais de conversas de parlamentares dentro das instalações do Senado.A determinaçãoà Polícia do Senado para que procedesse umainvestigação partiu do próprio presidente daCasa. A princípio, os trabalhos devem estar concluídosem 30 dias, que podem ser prorrogados até se encerrarem asinvestigações.O diretor disse que desde que surgiu a denúncia da revista Veja, nenhum senador, inclusive o presidente da Casa, pediu uma varredura no gabinete e nas linhas telefônicas que usam. Ele  informou que a Polícia do Senado só faz varredura à pedido dos parlamentares, uma vez que o serviço não é uma rotina na Casa. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix,não descartou a possibilidade de os grampos terem partido dedentro das instalações do Senado Federal. Segundo Pedro Ricardo,se as conversas gravadas clandestinamente partiram de telefones fixosdo Senado, "é praticamente nula" a chance de osgrampos terem ocorrido nas dependências da Casa. Já nocaso de um dos interlocutores ter utilizado um aparelho celular, "achance é grande".O sistema de telefoniado Senado tem inúmeros troncos. Quando uma ligaçãoé feita a partir de qualquer aparelho fixo, ela seguealeatoriamente por um desses troncos de telefonia. Para gravar essasconversas, teriam que ser instalados, na central telefônica doSenado, um aparelho em cada tronco. Além disso, explicou odiretor, só duas pessoas têm acesso a esta central.Na conversasupostamente grampeada entre o senador Demóstenes Torres(DEM-GO) com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministroGilmar Mendes, o diretor da Polícia do Senado disse que, deacordo com as declarações do senador, o ministro teriautilizado um celular enquanto o parlamentar falava de um telefonefixo de seu gabinete.Neste caso, segundoPedro Ricardo, o mais provável é que as interceptaçõestenham ocorrido no aparelho do presidente do Supremo. Os aparelhos detelefonia celular funcionam com sistemas de rádio freqüência,e uma vez captada a freqüência de cada aparelho, asconversas podem ser ouvidas facilmente, explicou Pedro Ricardo. O diretor revelou que aPolícia do Senado utiliza um equipamento de tecnologiaavançada que impede qualquer tentativa de invasão dosistema telefônico da instituição. "Se isso ocorrer,a ligação [por telefonia fixa e interna] travana hora", garantiu.Pedro Ricardo disseainda que o Senado tem um equipamento americano anti-grampo, deúltima geração, denominado Oscor,que analisa as freqüências emitidas em ambientes da casa. Segundo o diretor, oOscor é capaz de detectar e analisar qualquerfreqüência estranha às que são emitidasnormalmente. Pedro Ricardo informouque 11 profissionais da Polícia do Senado vão trabalharnas investigações. Caso fique comprovado que os grampospartiram de fora do Senado, a Polícia Legislativa vai ouvir osenvolvidos até concluir o processo de investigação.Uma vez encerrado, o relatório será encaminhado para aanálise do Ministério Público Federal.