Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os indicadoresdão sinais de que a inflação vai ceder, mas somente a partir de2009. Por isso, o Comitê de Política Monetária(Copom) deve manter a trajetória de aumento gradual da taxabásica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual neste ano. Aestimativa é dos economistas Roberto Padonvani,do banco WestLB, e Newton Rosa, da Sulamérica Investimentos.Atualmente, a Selic está em 12,25%.
ASelic, usada pelo Banco Central para controlar a inflação,é a taxa de juros média que incide sobre os financiamentos diários com prazo de um dia útil(overnight),lastreados por títulos públicos registrados no SistemaEspecial de Liquidação e de Custódia (Selic).Depois que o Copom estabelece a taxa Selic, cabe à mesa deoperações do mercado aberto do Banco Central manter ataxa diária próxima à meta.
“Aatividade econômica deve dar uma desaceleração nosegundo semestre”, afirmou Newton Rosa. Para ele, a estratégiade ajuste gradudal é suficiente para conter as expectativas dealta dos preços. Na opinião de Newton Rosa, nãohá necessidade de um “choque”contra a inflaçãocom aumento de 0,75 ponto percentual nos juros básicos nareunião de hoje (22) e amanhã do Copom.
Naprojeção do economista, a Selic deve fechar este ano em14,25%, e chegar em 2009 em 15,25%, mantendo, então, opatamar por vários meses.
ParaPadovani, neste ano o limite superior da meta de inflaçãode 6,5% deve ser rompido, mas em 2009 e 2010, o “riscoinflacionário é menor”, com crescimento econômicoabaixo do potencial e redução do ritmo de alta dospreços de commodities, o que tem gerado inflação no mundo. A expectativa do economista é de que a inflaçãooficial, medida pelo Índice de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA), feche o ano em 6,7%. Segundo o boletim Focus, analistasde mercado projetam a inflação neste ano em 6,53%.
Padovaniafirma também que o principal instrumento para conter a inflaçãoé o aumento da taxa básica de juros, mas o governopoderia também reduzir gastos. Para ele, a economia derecursos para formar o Fundo Soberano do Brasil reduz os gastos nocurto prazo, mas o melhor seria abater dívida do que financiardespesas. Para a AssociaçãoNacional das Instituições de CréditoFinanciamento e Investimento (Acrefi) e a ASB Financeira, quedivulgaram nota conjunta, a “dosagem” do aumento dos juros deveser maior - 0,75 ponto percentual. O motivo é a demandainterna aquecida, aumento do volume de crédito e dos preçosdo petróleo e grãos, o que pressiona a inflação.Para as instituições, deveria ser aplicada “umavigorosa dose misturada de disciplina monetária e de controlefiscal”, com corte nos gastos correntes dos governos federal,estaduais e municipais.