Disputa pode atrasar construção da Usina de Jirau, diz presidente de consórcio

22/07/2008 - 20h31

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se o impasse em tornodas mudanças no projeto de construção da UsinaHidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), propostas peloconsórcio vencedor, for parar na Justiça, a obra poderáatrasar até dez anos. A previsão é do presidentedo Consórcio Energia Sustentável do Brasil, que venceuo leilão, Victor Paranhos.“Vai virar umacompetição de advogados, e o Brasil vai ficar sem 3,3mil megawatts de energia”, afirma. Paranhos diz tambémque a briga entre os dois consórcios que disputaram o leilãopode comprometer parcerias futuras entre as empresas Suez eOdebrecht, que encabeçam os dois grupos, inclusive paraconcorrer na licitação para a construçãoda Usina de Belo Monte, no Pará, na qual a Suez teminteresse.“Se alguém teameaça em um dia e no dia seguinte quer fazer parceria, issonão pode acontecer”, disse. Paranhos garante que se reuniupelo menos três vezes com a diretoria do Consórcio JirauEnergia, formado pelas empresas Furnas, Odebrecht, Andrade Gutierreze Cemig, que perdeu o leilão, tentando resolver o impasse.Depois de ter sidoanunciado como vencedor da disputa pela construção dausina, o consórcio Energia Sustentável do Brasil,formado pelas empresas Suez Energy, Camargo Corrêa, Eletrosul eChesf, anunciou que pretende fazer mudanças no projetoprevisto no edital, entre elas a realocação da barragemem 9,2 quilômetros abaixo do ponto original.Segundo o consórcio,essa alteração vai possibilitar que sejam feitas menosescavações, diminuindo os impactos ambientais e oscustos, além de antecipar o cronograma da obra epermitir uma economia de R$ 1 bilhão no projeto, que temcusto estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de R$8,7 bilhões.Paranhos diz que o novoprojeto é melhor do ponto de vista ambiental, social e deengenharia. Segundo ele, o projeto previsto no edital é “muitoruim”. “Não tem empresa no mundo que faça aqueleprojeto, nem a Odebrecht faria”, diz.As mudanças noprojeto ainda deverão ser aprovadas pela Aneel e peloInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama).O ministro de Minas eEnergia, Edison Lobão, disse hoje (22) que estáconversando com representantes dos dois consórcios para buscarum entendimento e assegurou que não haverá atrasos naobra por causa da disputa. “Não posso admitir que ointeresse nacional seja prejudicado por conta de uma disputa entreduas empresas”, disse.O diretor do JirauEnergia, Irineu Meirelles disse apenas que o consórcio “iráse manifestar no momento que julgar oportuno e em foro próprio”.Hoje (22), a Aneel negou o recurso apresentado pelo Consórcio Jirau Energia, perdedor do leilão, que pedia o cancelamento da habilitação concedida ao grupo vencedor, o Consórcio Energia Sustentável do Brasil (Cesb). O recurso questionava apenas questões técnicas, como a falta de documentos exigidos pelo leilão.