Por melhores salários, servidores do INSS paralisam atividades amanhã em todo país

09/07/2008 - 21h44

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As agências doInstituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país nãodeverão abrir amanhã (10) e só voltarão afuncionar na sexta-feira (11). Pelo menos é o que pretende aFederação Nacional dos Servidores da Previdência(Fenasp), que programou uma paralisação de advertênciaao governo, por 24 horas, em defesa de melhores condiçõesde trabalho e reajuste salarial. Caso não tenha sucesso noatendimento às revindicações, a categoria játem data marcada para uma greve geral, por tempo indeterminado,aprovada nas assembléias estaduais: 5 de agosto.A informaçãoé do diretor do Sindicato dos Previdenciários no Rio emembro da mesa de negociação da Fenasp RolandoMedeiros. Segundo ele, a proposta apresentada pelo governo jáfoi recusada pelos trabalhadores. O governo propõe reajustaruma gratificação que já existe durante os próximos quatro anos, mas desde que os servidores aceitemtrabalhar 40 horas semanais, em vez de 30, como ocorre atualmente.Essa proposta, conforme o sindicalista, desrespeita uma orientação daOrganização Internacional do Trabalho (OIT) para que otrabalhador que está sujeito a condições deinsalubridade e em contato direto com o público nãotrabalhe mais do que seis horas por dia. Além disso, oreajuste sobre a gratificação de desempenho nãobeneficia os inativos, o que segue a atual política salarialdo governo de não conceder aumentos aos aposentados, posiçãotambém contestada pela Fenasp.Rolando Medeiros dizque os servidores do INSS querem também a implantaçãoimediata de um Plano de Cargos e Salários para corrigir umadefasagem em relação aos seus colegas do Ministérioda Fazenda, que ganham três vezes mais do que osprevidenciários. Além disso, eles estão cobrandodo presidente Lula um compromisso que ele assumiu em 1987, quando eralíder da oposição na Constituinte.“Naquela época”- lembra Rolando - “para encerrar uma greve que já durava muito tempo, foi assinado um acordo, que teve a participaçãodo Lula, por ser o grande líder dos trabalhadores, concedendoum adiantamento de 100% aos servidores da Previdência sobre osalário bruto, por conta do futuro Plano de Cargos eSalários que seria negociado com o governo. Depois de doisanos, porém, o governo Collor cortou esse adiantamento e até hoje o PCC não foi implantado, mais de duas décadasdepois”.Quanto àmelhoria das condições de trabalho, a liderançados servidores quer abertura de novas agências e a reaberturadas que foram fechadas, uso de novos programas de informática,instalações que garantam conforto ao funcionárioe ao segurado e realização de concursos para acontratação de servidores que preencham as necessidadesda instituição: 15 mil era o número estimadopor um levantamento realizado em 2006 pelos gerentes executivos doINSS por recomendação do Ministério PúblicoFederal, o que, hoje, é bem maior, por motivo deaposentadorias, falecimentos e demissões.Para se ter uma idéiada situação - informou Rolando Medeiros –, na décadade 80 a Previdência Social mantinha 12 milhões debenefícios com 75 mil servidores em todo o país. Hoje,são 25 milhões de benefícios, com 35 milfuncionários, a metade do quadro de 20 anos atrás. “Epara trazer para a Previdência 50 milhões detrabalhadores que vivem na informalidade, como pretende o governo,obviamente , esse quadro precisa ser muito reforçado”,ressaltou ele, acrescentando que essa meta tem o apoio das liderançassindicais dos servidores.