Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A atual pressão inflacionária levou o Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) a rever para cima as projeções efetuadas para o país em relação à previsão anterior, de abril deste ano.A superintendente da Área Técnica da Andima, Valéria Areas Coelho, disse hoje (9) à Agência Brasil que, por conta da alta dos alimentos e do petróleo no mercado internacional e devido também ao aumento da demanda interna, o comitê elevou para 6,32% a projeção de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano. Em abril, os economistas de diversas instituições financeiras que integram o comitê previam inflação média pelo IPCA de 4,76% em 2008.“O que comitê imagina é que o efeito da política monetária não é imediato. Vem depois. Então, o mercado acha que neste ano a gente ainda consegue crescer ao nível que estava estimado, em torno de 4,8% ou 5% do Produto Interno Bruto (PIB), e no ano que vem os efeitos da política monetária vão começar a surtir efeito sobre as previsões de inflação. Ela vai começar a ceder. E aí há possibilidade de o Banco Central diminuir o ritmo do aperto”, argumentou. O PIB é a soma das riquezas produzidas no país. A perspectiva é que a inflação comece a arrefecer a partir de março de 2009, disse Valéria Areas.Para conter a inflação, o Banco Central deverá continuar promovendo aumentos na taxa básica de juros. A projeção é chegar ao final de 2008 com uma taxa média Selic de 14,36%, contra 13,22% na previsão anterior. Valéria Areas informou que o Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Andima acredita que o Banco Central vai dar novos ajustes maiores ao longo deste ano, em torno de 0,75 ponto percentual. “É o que a média dos economistas acredita. E que isso começa a diminuir no ano que vem. Por isso, eles projetam taxa de juros mais alta”.Em termos cambiais, a estimativa é que a valorização do real em relação ao dólar norte-americano se mantenha este ano, mostrando pressão menor em 2009. Para a balança comercial, os números projetados são de US$ 23,1 bilhões em 2008, em média, caindo para US$ 13,2 bilhões no próximo exercício.No cômputo geral, a perspectiva do comitê é de que haverá aumento da inflação e dos juros e queda do crescimento econômico em 2009. “Este ano, a gente não acha que o crescimento caia, porque as coisas já estão dadas”. Para 2009, as projeções são de taxa Selic média de 14,36% , atingindo em dezembro 13,84%. A taxa de crescimento do PIB ficará em torno de 3,8% e a inflação medida pelo IPCA alcançará 4,89%.O cenário internacional e seus reflexos sobre a economia brasileira ainda são dúvida para o comitê. A superintendente técnica da Andima afirmou que “a dinâmica do processo de ajuste dos países desenvolvidos é de mais inflação. A dúvida é qual a intensidade com que isso vai afetar os países em desenvolvimento. Na verdade, ainda não existe um consenso em torno do tema”.Tudo vai depender do comportamento da economia americana e da oscilação do petróleo, que recentemente começou a apresentar leves diminuições nas cotações. O problema, segundo Areas, está em conciliar a inflação externa global, que se prevê será maior este ano, com eventuais choques de demanda por conta da questão do crédito no Brasil e nos demais países em desenvolvimento.