Tarso Genro diz que não pode haver distinção de classe no uso de algemas

09/07/2008 - 16h24

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou hoje (9) que o país passa por um momento de mudança em que “privilegiados” que “antes se sentiam impunes”, não são mais “intocáveis”. Para Genro, não pode haver diferenciação entre classes sociais no uso ou não de algema no momento das prisões.“Não exite mais intocáveis no país, não existe privilegiados, que não são tocados pela lei. Portanto, eles baixam da sua condição de privilegiados e se tornam cidadãos iguais aos outros”, disse o ministro, ao comentar o uso de algemas nas prisões, ontem (8), do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do empresário Naji Nahas, durante a Operação Satiagraha.“A orientação que discuti com a Polícia Federal e o Luiz Fernando [Correa, diretor-geral do órgão] nos passou, foi de que o uso das algemas deve ser avaliado pelo agente. O sentido é fazer a prisão com segurança e cumprir o mandado judicial ou o mandado de prisão”, argumentou Tarso Genro aos jornalistas.“No caso concreto, a Polícia Federal não deve ter critério de classe. É equívoca essa visão”, afirmou. “Se um cidadão de baixa renda pode ser algemado e ninguém reclamou, se para a prisão ser feita com segurança ou mesmo para proteger a pessoa de um ato desatinado, se o agente achar que deve fazer [a prisão usando algemas], que o faça. Não haverá distinção nenhuma por parte da Polícia Federal”, disse o ministro.Tarso Genro também rebateu as críticas de que houve “espetacularização” na atuação da PF. “Não houve [abuso] por parte da instituição, houve o erro de alguém que permitiu que ocorresse aquela divulgação. Portanto, não é responsabilidade da instituição, mas assumimos a responsabilidade de investigar”, disse o ministro, elogiando o trabalho desenvolvido pela PF na Operação Satiagraha.“É um inquérito muito bem feito, trabalhado nos moldes de todos os outros inquéritos e que as prisões foram feitas como são feitas as prisões em todos os inquéritos, com determinação judicial, com acompanhamento do Ministério Público. Agora, pegou determinadas pessoas de destaque. E essas pessoas de destaque têm um exacerbado sentido de defesa dos seus direitos, que inclusive é positivo porque pode nos ajudar a corrigir determinados erros”, afirmou.