Senadores do governo e oposição defendem Gilmar Mendes nas críticas à Polícia Federal

09/07/2008 - 19h22

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Senadores da base do governo e da oposição saíram emdefesa, hoje (9), do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), GilmarMendes, que criticou a forma como a Polícia Federal conduziu a OperaçãoSatiagraha, que levou para a prisão o banqueiro Daniel Dantas, oinvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.Coube aopresidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), abrir uma sequência dedepoimentos contra excessos, que teriam sido praticados pela PolíciaFederal durante a operação, como a filmagem por uma emissora de televisão e ouso de algemas.Em nenhum momento, os senadores criticaram a operaçãoem si, mas a exposição pública das pessoas investigadas. “Foi umacrítica à forma e não ao conteúdo”, resumiu Romeu Tuma (PTB-SP). No mesmo tom de Sérgio Guerra, os senadores TassoJereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), Tião Viana(PT-AC) e Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) o sucederam criticandoexcessos que teriam sido praticados pela Polícia Federal durante arealização da operação Satiagraha. Esses excessos, segundo eles, sederam na medida em que a PF permitiu que uma emissora de televisãofilmasse as prisões realizadas.“Não podemos nos calar quando há atividadespolicialescas”, disse Tasso Jereissati. No mesmo tom o presidente doSenado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), destacou que o importante, nadiscussão, é deixar claro que o desejo dos senadores é que a lei “sejaposta em prática para ricos e pobres”.Já o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto, considerou“meritória” a ação da Polícia Federal, mas fez a ressalva sobre o queconsidera uma “quebra do Estado de Direito” que foi a permissão defilmagens da operação. “Por que TV? Por que essa idéia que se passa deEstado Policial?”, questionou.O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana,considera que, ao agir dessa forma, a Polícia Federal cria um “estigma”de que todo agente público é bandido. Ele considerou fundamental que oParlamento fortaleça, neste momento, “a autoridade do presidente doSupremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes”.  O senador Pedro Simon (PMDB-RS), por sua vez, saiu emdefesa da Polícia Federal e pediu que os senadores reflitam sobre “umsentimento” que toma conta da população de que a elite nunca éatingida. “Vocês já se deram conta de quantas vezes policiais entramnos morros, matando, e ninguém [no Senado] protesta?”, indagou osenador peemedebista.Sua atitude gerou desconforto entre os colegas. Otucano Arthur Virgílio foi à tribuna rebater as declarações de Simon.Segundo ele, da forma como o parlamentar fez sua colocação, passa-separa a opinião pública a idéia de que Simon seria “o único cavaleiroandante que está sempre do lado justo, honesto, contra os outros 80senadores”. Diante das críticas de Arthur Virgílio, o senadorPedro Simon foi a tribuna para reafirmar que apóia a ação da PolíciaFederal mas que, como os colegas, é contra a participação de umaemissora de TV na operação.