Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado Paulo Pereirada Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, deixou a reunião de hoje (9) do Conselho deÉtica e Decoro Parlamentar certo de que convenceu osdeputados que as denúncias de que ele tenria participado de desviode recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) são "calúnias" contra ele.O desvio de recursosfoi desbaratado pela Operação Santa Tereza, da PolíciaFederal. Paulinho foi acusado de participar do esquema de desvio derecursos do banco por meio da OrganizaçãoNão-Governamental Meu Guri, ligada à Força Sindical, movimento sindical do qual ele e sua mulher fazem parte."Tive aoportunidade, nesses dois dias, de esclarecer a meus pares, aquina Câmara, todas as calúnias e as difamaçõesque vêm sendo feitas a mim. Acho que ficou claro que [as denúncias]são calúnias e acho que convenci meus pares aqui no Conselhode Ética", afirmou Paulinho.O relator do processono conselho, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), não concordou queos deputados tenham saído da reunião do conselhoconvencidos, pois ainda há muitas dúvidas a esclarecer."As dúvidas persistem. Há mais de 15testemunhas para serem ouvidas e todas as dúvidas sobre adoação do apartamento, sobre a relaçãocom as ONGS", disse.Paulo Piau tambémafirmou que a questão da doação do apartamento,feita por João Pedro Moura, apontado como assessor dePaulinho, nas investigações da Polícia Federal,é "no, mínimo, estranha"."Vamos trazer aquia presidente da Meu Guri, o João Pedro Moura, o doador, e elesterão que prestar os esclarecimentos. Talvez nãopudemos apertar tanto o deputado Paulo Pereira porque ele nãoé a peça central nessa transação",disse. O advogado de Paulinho, Leônidas Schonz, explicou que a transaçãorelativa ao apartamento foi uma doação à ONG MeuGuri. Por meio de uma procuração dada à mulher dePaulinho e presidente da ONG, Elza Pereira, o valor com a venda doimóvel deveria ser todo revertida à Meu Guri."Nessa procuraçãohá explícita referência de que o valor da venda do imóvel seria revertida aos cofres da ONG MeuGuri. O apartamento não foi vendido, e se fosse, teria auferidofinanceiramente um resultado superior a R$ 80 mil", explicou oadvogado.Como o apartamento nãofoi vendido, e se acumularam taxas de condomínio e IPTU, entreoutras, João Pedro Moura depositou R$ 37 milhões para aONG. "O que houve foi uma substituição da venda doimóvel, que não ocorreu, por um depósito emdinheiro", disse o advogado de Paulinho.Os deputados tambémdecidiram realizar uma sessão secreta para ouvir o delegadofederal Rodrigo Levin, que coordena as atividades da Operação Santa Tereza daPolícia Federal, e o diretor do Departamento dePolícia Legislativa da Câmara dos Deputados (Depol),Claudionor Rocha.A sessão servirápara que o delegado possa esclarecer dúvidas referentes aoenvolvimento do deputado Paulinho da Força (PDT-SP) em fraudesno BNDES.