Para especialista, Ferrovia Transnordestina não deve ficar pronta no prazo previsto

28/06/2008 - 15h18

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aferrovia Nova Transnordestina não deverá ficar prontaem 2010, como previsto no Programa de Aceleração doCrescimento (PAC). Segundo o consultor em logística e conselheirodo Grupo de Estudos da Logística em Pernambuco (Gelpe),Marcílio Cunha, a obra deve atrasar mais de um ano.

Segundoele, a dificuldade nos processos de licitação e operíodo de chuvas estão atrasando o projeto. “Osprimeiros 110 quilômetros iniciados, no trecho que ligaSalgueiro, em Pernambuco, a Missão Velha, no Ceará, jáera para estar concluído”, diz.

Cunha acrescenta que não há como dimensionar o quanto o Nordeste deixaráde ganhar neste período por causa do atraso. “ATransnordestina é de fundamental importância, éum projeto da época do Império. Estamos hábastante tempo na expectativa de ter o projeto implementado paraacionar um modal importante, que é o ferroviário, parabaratear os custos de produção no país”,afirma.

Eleelogia a atenção dispensada pelo governo para a obra,mas diz que, mesmo com boa vontade, os entraves impedem a execução,o que compromete o desenvolvimento do país. “Estamos em umcrescimento bastante acelerado, e a infra-estrutura fica sempre adesejar. Essa é uma área de importância vital emtermos de resultados, as vistas estão todas para esseprojeto”..

De acordocom o consultor, não se pode falar em logística sem tera maioria dos modais em pleno funcionamento. Hoje, no Nordeste, todaa estrutura de movimentação está baseada notransporte rodoviário. Além de facilitar a exportação,ele avalia que a nova ferrovia vai melhorar o fluxo de fertilizantese combustíveis para o interior do país.

“Temosportos importantes em termos logísticos que dependem tanto darodovia quanto da ferrovia. E a ferrovia, em termos de custosoperacionais, chega a custar até 50% do valor do freterodoviário. Isso representa um diferencial de custo bastanteelevado, principalmente para transporte de commodities”. Para o professor doDepartamento de Engenharia Civil da Universidade Federal dePernambuco Maurício Pina, o principal entrave daTransnordestina é a sua composição financeira,composta por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste e de recursosprivados.Segundo Pina, a obraterá um grande impacto no desenvolvimento da RegiãoNordeste e deverá diminuir os custos de produçãono Brasil. “Principalmente pela oportunidade de quebrar o ciclovicioso: não tem infra-estrutura porque não tinhacarga, aí não tinha carga porque não tinhainfra-estrutura. Como a ferrovia vai ter condições detransportar até 30 milhões de toneladas, estima-se que ela vai possibilitar o escoamento da produção daregião: soja, milho, biodiesel, frutas, álcool e tambémprodução de minérios”, afirma.