Instituto Geledés defende participação de empresários na luta pelos direitos humanos

28/06/2008 - 18h41

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A presidente doInstituto Geledés, Eliana Maria Custódio, defendeu hoje(28) o engajamento dos grandes empresários do país na promoção dos direitos humanos. O Geledés trabalha pela inclusão social da mulher negra e deexcluídos no contexto social e econômico."Nãoadianta só o governo desenvolver projetos de políticaspúblicas nessa direção, se não houvercontrapartida das empresas e da sociedade, que devem lutar emconjunto para combater as desigualdades", disse Eliana Custódio, em entrevista à Agência Brasil."Se um empresário deixa de contratar um homem ou umamulher por serem negros ou deficientes, aí estárevelado o preconceito, com o alijamento de pessoas que todo mundosabe que podem ser capazes de desenvolver uma determinada atividade."De acordo com Eliana,há uma escala de salários no país que começamais alta para o homem branco, depois para a mulher branca, emseguida, para o homem negro e, por último, para a mulher negrae os portadores de necessidades especiais. Segundo ela, isso édiscriminação, quando se constata que uma pessoa decada um desses grupos pode desempenhar a mesma atividade comeficiência, por ter habilidade ou formaçãoacadêmica para tal. A presidente doInstituto Geledés ressaltou que existem no paísorganizações que trabalham pela superaçãoda desigualdade racial, da discriminação de gênero,e que a maioria delas trabalha dentro dos movimentos feministas."Realizam um trabalho de formiguinha, mas que surte resultados,que a gente confere em muitos lugares das cidades". Uma constataçãodisso é a presença de mulheres negras na articulaçãode políticas públicas e na participaçãoem conferências e outros eventos que procuram chamar atençãodo governo para o combate ao racismo e pela promoção daigualdade.Eliana Custódio considerou o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva paraque os empresários se engajem na promoção dosdireitos humanos "uma das iniciativas mais importantes dogoverno nos últimos tempos em prol das relaçõessociais no Brasil". Lula conversou sobre o assunto duranteencontro com empresários nesta semana, em São Paulo, "Foi uma atitudebastante relevante, considerando que 50% da populaçãobrasileira é composta por negros ou descendentes de negros e,embora existam leis que criminalizam o racismo, ele existe de formavelada, através de atitudes que configuram a discriminação",afirmou a presidente do Instituto Geledés. Nalíngua dos iorubás, da Nigéria, de onde vieram muitosescravos para o Brasil, Geledés era o nome que se dava asociedades secretas femininas de caráter religioso.