Um em cada cinco atendidos pelo Bolsa Família passa fome, revela estudo

27/06/2008 - 20h35

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Parcela significativadas famílias assistidas pelo programa Bolsa Famíliaencontra-se ainda em situação de insegurançaalimentar grave, ou seja, adultos ou crianças dessas famíliasainda passam fome.Foi o que indicou estudo realizado peloInstituto Brasileiro de Análise Social e Econômicas(Ibase), que ouviu cinco mil usuários do Bolsa Família,em 229 municípios espalhados pelas cinco regiões.O levantamento foirealizado nos meses de setembro e outubro do ano passado, em umcontexto onde ainda não se observava nos supermercados o crescimento dainflação, puxado, principalmente, pelos preços dosalimentos. De acordo com o Ibase,uma medição exata sobre o impacto da alta dos alimentosna vida dessas famílias só poderia ser medido com umanova pesquisa. Mas chegou-se à conclusão de que houve piora na situaçãode famílias nas quais a fome ainda persistia. O estudo demonstrouque, de acordo com a Escala Brasileira de InsegurançaAlimentar (EBIA), há fome entre adultos e crianças em21% das famílias assistidas, o que representa cerca de 2,3milhões de famílias (11,5 milhões de pessoas).Outros 34%, ou seja,3,8 milhões de famílias (o que significa um total de 18,9 milhõesde pessoas) estão em situação de insegurançaalimentar moderada. Isso significa que sofrem restriçãona quantidade de alimentos na família.De acordo com apesquisadora do Ibase, Mariana Santarelli, a alta dosalimentos provocou forte impacto na vida dessas famílias,principalmente, porque a maior parte dos rendimentos écomprometida com a alimentação. Santarelli destacou queo reajuste para o Bolsa Família concedido pelo governo, quepode chegar a 8%, é extremamente necessário paragarantir a segurança alimentar dessas famílias. “Como essas famíliasgastam um percentual muito alto do benefício com alimentação,a inflação teve um impacto muito forte. Quanto maispobre a família, maior o percentual gasto com alimentação.O Bolsa Família é, antes de tudo, um importanteinstrumento para que o governo garanta, de forma rápida eeficaz, a segurança alimentar das pessoas mais pobres dessespaís. O reajuste é necessário, como o que sepuder fazer para garantir que as pessoas não passem fome”,comentou a pesquisadora.O levantamento demonstrou que a insegurança alimentar é mais grave nas situações em que os beneficiários são negros ou pardos, nãotêm trabalho formal, não sabem ler, nem escrever, moram na zonarural e não têm acesso a saneamento básico.