Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A idéia difundida por críticos do programa Bolsa Família que o benefício poderiadesestimular a busca pelo emprego não se confirma na pesquisarealizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas (Ibase), que ouviu no ano passado cinco mil usuários doprograma nas cinco regiões do país. Dos titulares do cartão Bolsa Família que responderam a pesquisa, 95%responderam que não deixaram de fazer algum tipo de trabalhoremunerado depois que passaram a receber o benefício. Alémdisso, o levantamento demonstrou que sete, em cada dez beneficiadospelo programa, disseram que não querem receber o benefíciopara sempre. Menos da metade dosentrevistados (44%) tiveram trabalho remunerado no mês anteriorà pesquisa e o grau de informalidade, de acordo com o Ibase, éalto. Apenas 16% têm carteira assinada. Dentre os que nãotrabalharam no mês anterior à pesquisa, 68% estãodesempregados há mais de um ano e apenas 23% buscaram trabalhoneste mesmo mês.O Ibase concluiu com olevantamento que o recebimento do benefício não faz comque as pessoas deixem de procurar trabalho. “Alguns grupos menoresapontaram que há abandono de trabalho quando as condiçõessão de extrema precariedade. Nesse ponto, nos relatos, ospesquisadores identificaram situações de atividadesanálogas à escravidão”, registrou a pesquisa.O fato da maior partedos entrevistados ser mulher pode explicar, de acordo com o Ibase, obaixo índice de trabalho remunerado no mês anterior àpesquisa, dado confirmado por 44% dos entrevistados. As entrevistas foramrealizadas em setembro e outubro de 2007. Os entrevistados foramescolhidos por amostragem a partir do cadastro do Bolsa Família,que hoje possui 11,1 milhões de famílias beneficiadas.A pesquisa teve uma fase quantitativa, realizada pelo instituto VoxPopuli, e outra fase qualitativa, anterior, que ouviu pessoas entrejunho e julho de 2006. As duas fases se complementam.