Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pesquisa realizada peloInstituto Brasileiro de Análise Social e Econômicas(Ibase), no ano passado, demonstrou que 87% dos beneficiários do programa BolsaFamília gastam o dinheiro do benefício, principalmente,com alimentação. Ao entrarem no programa, os beneficiários aumentaram tanto a quantidade,como a variedade dos alimentos consumidos. Dos pesquisados, 73,7%afirmaram ter aumentado a quantidade de alimentos que játinham o hábito de consumir e 69,8% aumentaram a variedade.A pesquisa ouviu cincomil titulares do cartão Bolsa Família em 229municípios, nas cinco regiões. O levantamento foi feitonos meses de setembro a outubro, antes da alta da inflação verificada nos últimos meses,puxada principalmente pelo preço dos alimentos. Dos entrevistados, 78%declararam que passaram a consumir mais açúcar apóso início do recebimento do benefício. Em relaçãoa arroz e cereais, 76% disseram ter passado a consumir mais dessesprodutos e 69% declararam ter aumentado o consumo de leite. Também houve aumento do consumo de feijão. Dosentrevistados, 59% afirmaram ter aumentado a quantidade do produto emsuas compras. As modificaçõesna alimentação das famílias contrariam atendência nacional no que se refere ao consumo de cereais. NoBrasil, o consumo de arroz e de feijão (considerados abase da alimentação) decai há anos, de acordocom o Ibase, embora isso não ocorra entre as famílias de baixa renda. O levantamento apontou que o consumo de arrroz e feijãoaumentou, nessa faixa. Outro dado levantadopelo pesquisa é que 63% dos entrevistados declararam teraumentado a compra de alimentos da preferência das criançasda família.Já para famíliasque já tinham a alimentação básicasuprida, o levantamento aponta que o Bolsa Famíliapossibilitou o aumento na aquisição de alimentosconsiderados complementares, como frutas (55%), verduras e legumes(40%), alimentos industrializados e outros considerados supérfluos(62%), além da carne (61%), alimento considerado de difícilacesso.Em segundo lugar nocarrinho de compras do Bolsa Família vieram os gastos commaterial escolar (45,6%) e despesas com vestuário (37,1%).Para o diretor doIbase, a pesquisa aponta que o programa trouxe benefícios, masprecisa ser aperfeiçoado. "É necessáriomanter e aperfeiçoar o programa, associando-o a outraspolíticas públicas capazes de atacar problemas como afalta de saneamento básico e de acesso ao mercado formal detrabalho, fatores que interferem na insegurança alimentar",avaliou o diretor do Ibase e coordenador do trabalho Francisco Menezes.