Caravana da Anistia julga sete processos de perseguidos políticos no Paraná

27/06/2008 - 10h11

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - A Caravana da Anistia do Ministério daJustiça julga hoje (27), em Curitiba , sete processosde perseguidos políticos no Paraná: Sebastiana Correia Bittencourt, Dimas Floriani, Gildo Scalco, Romulo Daniel Barreto deFarias, Regenis Bading Prochmann, Antônio José Messias eHorácio Martins de Carvalho. Militantes eparentes dos julgados, ex-presos políticos, autoridades e convidadosparticipam desde a última quarta-feira (25), em Curitiba, doencontro "Anistia e Democracia - Direito à Memóriae à Verdade" promovido pelo Grupo Tortura Nunca Mais.Até 2010, aCaravana percorrerá todos os estados brasileiros e algunspaíses da América Latina, com o Projeto Educativo"Anistia Política: Educação para aCidadania, Democracia e os Direitos Humanos", com o objetivo decontribuir para o resgate da históriado país, o debate e a reflexão sobre o tema.Segundo o coordenadordo encontro, Narciso Pires, presidente estadual do Grupo TorturaNunca Mais, neste encontro estão sendo homenageados tambémAntonio dos Três Reis de Oliveira, José IdésioBrianezi e major Joaquim Pires Cerveira, símbolos paranaensesdas centenas de brasileiros assassinados pela ditadura militar. “Temos duas grandes questões para serem passadas a limpo nahistória do Brasil, uma é a impunidade que beneficiaos torturadores do regime civil-militar. É preciso deixarclaro que eles não foram acobertados com a Lei da Anistia,até porque a tortura nem é crime político, éde lesa-humanidade e imprescritível” – disse o presidenteestadual do Grupo Tortura Nunca Mais.Outra questãoque Pires destacou é a abertura de todos os arquivos darepressão. Para ele, não é possívelque depois de tantos anos eles continuem inacessíveis àpopulação. “A Justiça Federal deu ganho decausa a um processo que tramita deste 1982, pedindo a abertura. A partir de 3 de junho, passou a contar prazo de cem dias para que oGoverno Federal abra os arquivos das Forças Armadas. Agora éaguardar”.Durante a ditadura militar, passaram pelas prisões do Paraná cerca de 2,7 mil militantes. Pires lembrou que a Lei deSegurança Nacional de 1967 determinava que o empregador queacolhesse essas pessoas poderia responder pelo mesmo crime de queelas eram acusadas. "O Estado perseguiu, puniuindivíduos que pensavam diferente e hoje, por questõesde justiça está indenizando essas pessoas". Ele disseque comemora a cada processo julgado, quando o Estado pode sedirigir ao julgado e pedir desculpas pela violação dosseus direitos humanos. “Os valores da indenização nãocobrem as perdas , mas como o Estado não pode ir para cadeiatem que ser penalizado pecuniariamente”.