CPI das ONGs pede quebra de sigilos de empresários que tinham contrato com a Finatec

10/06/2008 - 21h12

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O proprietárioda empresa de Consultoria e Projetos Intercorp, Luis AntônioLima, e sua mulher, Flávia Maria Camarero, dona da extintaCamarero & Camarero, vão ter a quebra de seus sigilosbancários e fiscal pedidos à Justiça pelaComissão Parlamentar de Inquérito do Senado queinvestiga a atuação das Organizações NãoGovernamentais (ONGs) e outras entidades sem fins lucrativos.A informaçãofoi dada pelo presidente da CPI, senador Raimundo Colombo (DEM-SC).Segundo ele, a Intercorp fez contrato com a Fundaçãode Empreendimentos Científicos e Tecnológicos(Finatec), da Universidade de Brasília. A CPI ouviu depoimentodos empresários na tarde de hoje (10) na comissão.RaimundoColombo entende que a compra de projeto da Intercorp pelaFinatec, no valor de R$ 14 milhões foi feito de maneirairregular, uma vez que não envolveu licitação. Aempresa criou um modelo de "excelência administrativa",conforme Luis Antônio Lima, seu proprietário, oqual foi desenvolvido em prefeituras do interior e de grandescapitais do País.Em muitos casos, elesenvolveram somas da ordem de R$ 20 milhões, que rendiam quasea metade do valor para a Intercorp. Luis Antônio Lima defendeuque o trabalho da Intercorp "foi feito de forma legal, semprecom a comprovação de notas fiscais e transferênciasbancárias", tendo o projeto sido "requisitado pelaFinatec que o desenvolvia de forma conjunta". De acordo com oempresário, o modelo permitia que o setor público"rendesse mais, dentro de uma metodologia de melhorgerenciamento", cuja fórmula não soube explicar.Com exceçãodo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a posiçãounânime dos senadores presentes à CPI foi de oposiçãoao contrato. Fortes lembrou que o emprego do sistema de gerenciamentoda Intercorp na prefeitura de Recife permitiu que tivessem fim asfilas de atendimento do sistema público de saúde doestado. Mas cobrou resultados no seu estado, o Piauí, ondereclamou que "o funcionamento do governo não melhorou como trabalho levado da parceria Finatec/Intercorp”. Por isso,requereu à CPI documentos sobre a prestação deserviços, incluindo preços e despesas com odeslocamento para o seu estado dos profissionais envolvidos notrabalho.O senador ÁlvaroDias (PSDB-PR) disse que, apesar de ser público que a Finatecvendeu o projeto da Intercorp para a prefeitura de Maringá, noParaná, não consta nos registros do executivo municipalnem o Ministério Público tem qualquer informaçãosobre o assunto. Ele argumentou que o preço do contrato daIntercorp com a Finatec "é exorbitante, considerando ocapital social declarado pela autora do modelo, de R$ 10 mil reais, eo número de funcionários (entre 50 e 60), conforme declarado porLuis Antônio Lima.O senador SérgioGuerra (PSDB-PE) perguntou "porque um sistema de trabalho novo,sem a comprovação de resultados anteriores poderiavaler tanto dinheiro" ao ponto de despertar o interesse daFinatec. Para ele, "tudo é muito suspeito, principalmenteporque foi feito sem licitação".O senador FlávioArns (PT-PR) assevera que a transação da Intercorp coma Finatec "parece um negócio da China, pois se fala emcifras vultosas de R$ 15 milhões, R$ 20 milhões, comose fosse R$ 100 mil ou R$ 200 mil. Enquanto isso, muitos hospitaisvêem pacientes morrerem porque não podem comprarequipamentos que custam R$ 1 milhão". Dona da empresa extintaem 2006 Camarero & Camarero, Flávia Maria Camarero disseque constituiu a sociedade para trabalhar com a Intercorp em regimede cooperação. A empresa, segundo ela, foi fechada em2006 porque cessou a demanda por seus serviços, mas enquantoestava aberta, firmou outros contratos com organizaçõesde São Paulo. O capital da Camarero era de R$ 500 e ela tinhaentre 5 e 6 funcionários, segundo Flávia Maria.