Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Dois grandes centrosconsumidores estão na mira de exportadores brasileiros decarne bovina: o Japão e os Estados Unidos. Vencer asbarreiras que ainda impedem os habitantes dos dois países deexperimentar o produto brasileiro in natura foi um dosdesafios assumidos hoje (10) pelo economista Roberto Giannetti, aotomar posse na presidência da AssociaçãoBrasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), emsubstituição a Marcus Vinicius Pratini de Moraes.Para isso, Giannetti defende a expansão daprodução para as áreas do cerrado brasileiro.Segundo ele, o Brasil, maior exportador mundial de carne, vende hojepara mais de 150 países e vai manter a política dediversificação de mercados, que já vinha sendotocada por Pratini. “Devemos continuar divulgando a nossa carne empaíses da Ásia, do Oriente Médio, Leste Europeue nos Estados Unidos, que queremos conquistar e tornar a nossa marcaBrazilian Beef produto ainda mais reconhecido”, afirmouGiannetti.Os exportadores brasileiros de carne bovinaaumentaram a receita cambial em 7,71%, em maio, sobre o mesmo mêsdo ano passado, obtendo US$ 478,07 milhões. O volumevendido, entretanto, caiu 25,75%, totalizando 266 mil toneladas. Noacumulado do ano, o volume financeiro teve evoluçãomaior, com crescimento de 10,40% sobre igual período de 2007.Na mesma base de comparação, foram embarcados 20,27%menos produtos, totalizando 1,15 milhão de toneladas. A projeção do setor é fecharo ano com 2 milhões de toneladas, abaixo dos 2,5 milhõesnegociados em 2007. Quanto ao movimento financeiro, a expectativa éatingir US$ 5 bilhões contra os US$ 4,5 bilhões obtidosno ano passado. Ao anunciar esses dados, Giannetti justificou que aalta do preço do produto no mercado internacional contribuiupara a elevação do ganho financeiro. No entanto, háuma oferta reprimida em razão do embargo temporárioeuropeu em andamento desde janeiro.“Tivemos uma queda expressiva, o que fez com queos frigoríficos trabalhem hoje com alguma ociosidade, e agente tem uma oferta menor de carne no mercado, mas é umasituação cíclica, e os ajustes deverãovir no curto e médio prazos”, disse Giannetti. Ele acreditaque a questão do embargo deverá ser solucionada atéo final deste ano.Segundo o novo presidente da Abiec, a demandaencolheu, porque os preços estão mais altos, e por causa do embargo europeu à carne brasileira. Na Europa, a questão não é de preços esim “de acesso” dos consumidores, disse ele, em referênciaao embargo. Giannetti destacou o empenho na reconquista, "embreve", do mercado europeu e o trabalho de rastreabilidade feitopelo Brasil em seu rebanho.Ele explicou que isso inclui a conscientizaçãoambiental dos produtores de carne, como já estáocorrendo entre os que produzem etanol. “Precisamos dar garantia aoconsumidor europeu de que está recebendo um produto saudávele de boa origem.” Para Giannetti, as declarações do ministro do Meio Ambiente, CarlosMinc, sobre confisco de bois na Amazônia foram "exóticas". Ele disse que o tema deve ser debatido e que é preciso conciliar o crescimento de produção do gadobovino com preservação ambiental, "Mas não écom discurso e frases exóticas que a gente vai conseguirisso”, concluiu.