Ivanir José Bortot
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O economista daPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro(PUC-Rio), Luiz Roberto Cunha, avalia que não há riscosde reindexação da economia com o aumento da inflação.Para ele, a iniciativa do governo de elevar as taxas de juros e asmetas de superávit fiscal devem manter a inflaçãosobre controle. Cunha acredita que,mesmo que ocorra uma depreciação da taxa de câmbiopara algo como R$1,70 a R$ 1,80, o impacto sobre o aumento dos preçosinternos seriam mínimos. O Brasil pode crescer o equivalente a5% do Produto Interno Bruto(PIB), com o atual comportamento dademanda e dos preços.“Esse conjunto demedidas deve ajudar na formação das expectativas dainflação do ano de 2009. É possível quehaja alguma moderação na alta de alimentos, porque omundo está começando a reduzir também a sua taxade crescimento de forma global”, disse o economista. Para ele, economiasdesenvolvidas, como os Estados Unidos, que vinham reduzindo a taxa dejuros, já sinalizam com aumento, o que deve ajudar a diminuira demanda mundial por alimentos. Segundo Cunha, a inflaçãode 2008 já está estabelecida, uma vez que as medidas deelevação de juros e a redução de gastospúblicos levam cerca de seis meses para produzir efeitos sobreos preços e a demanda agregada. Embora a maior parte dapressão sobre os preços dos alimentos decorra de umaumento de consumo no mercado internacional, Cunha reconhece que háum componente local cujos efeitos recaem sobre a populaçãomais pobre do Brasil. “Quanto mais baixo onível de renda, mais você gasta com alimentos. Éclaro que o nível de renda é muito baixo hoje noBrasil, mas você tem programas de transferência de rendaque são bastante eficientes e ajudam a compensar o impacto dainflação”, observou. Mesmo com a elevaçãodos preços, o nível da indexação daeconomia brasileira é muito baixo e não hásinais de que possa realimentar a inflação. “Agoraexiste uma preocupação no mundo inteiro, principalmente em países emergentes, de que a inflaçãomais alta, com economias aquecidas, possa levar a reivindicaçõesde aumentos salariais e de repasse aos preços”, lembrou oeconomista. Cunha enfatizou, ainda,que inflação alta traz sempre preocupação,mas o Brasil está com uma economia sólida, muitodistante de um processo de reindexação, embora aindaexistam no país alguns contratos indexados, como os dealuguéis. Ele citou que houveelevação das taxas de condomínio, provocada peloaumento das tarifas de água, de energia e da mão-de-obra.Esses aumentos, no entanto, acabaram neutralizados pela queda nospreços dos aluguéis.Cunha disse que apolítica monetária do Banco Central de elevaçãodas taxas de juros “ é um instrumento muito duro”. Maslembrou que o governo deu sinais de apoio na área fiscal comelevação do superávit primário, o quedeve ajudar a controlar a demanda agregada econômica. “É importantelembrar que, para o Brasil crescer 5%, de forma sustentada, jáé um sucesso; dado a estrutura de carga tributáriaalta, do juro real elevado e dos desequilíbrios estruturais naárea da previdência social”, concluiu.