Tiroteio interrompe atendimento em tenda de hidratação no Rio

16/04/2008 - 21h18

Da Agência Brasil

Brasília - Uma troca de tiros entre policiais e traficantes na Vila Cruzeiro interrompeu hoje (16), por cerca de meia hora, o atendimento na tenda de hidratação que cuida de pacientes com dengue próximo ao Hospital Estadual Getúlio Vargas no Parque Ary Barroso, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Durante o tiroteio, uma ambulância estacionada próximo ao local foi atingida por um tiro de fuzil. Cerca de 60 pessoas estavam sendo atendidas na tenda no momento do tiroteio.A enfermeira Carolina Viveiros, 28 anos, disse que todos ficaram assustados. Para ela, a violência poderá atrapalhar o atendimento na tenda e diminuir a procura por tratamento da dengue.“Nós estávamos trabalhando e ouvimos o tiroteio, fechamos a tenda e as pessoas que estavam sendo atendidas permaneceram dentro e ficamos todos abaixados enquanto o tiroteio não passou. Todo mundo ficou no chão. A tenda estava bem cheia. Eu acredito que isso vai atrapalhar o movimento aqui, depois do tiroteio a tenda ficou vazia, não tem mais ninguém”, afirmou. Cerca de 100 policiais militares participaram da operação de hoje na Vila Cruzeiro. A Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro divulgou a apreensão de um lote de munição para metralhadora ponto 50. O líder comunitário do Complexo da Penha, Edmundo Santos de Oliveira, 52 anos, afirmou que os moradores se sentem inseguros. “As pessoas ficam numa situação tensa, é meio complicado viver numa situação como essa, é uma tensão que fica até ruim de descrever.”Ele disse ainda que várias ruas do Complexo da Penha estão sem energia elétrica. “Hoje, eu acordei com barulho de tiro e até agora a comunidade está sem luz. A queixa é só uma, por que essa guerra não acaba, a guerra já está completando um ano. Estamos sem coleta de lixo, correio, telefone, parece uma coisa sem solução”. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ocupam a favela desde ontem (15) por tempo indeterminado. O objetivo, além de cumprir mandados de prisão e reprimir o tráfico de armas e drogas na região, é de apurar denúncias de que traficantes teriam colocado barreiras para impedir a circulação nas ruas e nos acessos à favela.Cerca de 180 policiais militares participaram da ocupação inicial. A operação já resultou na morte de nove pessoas, além de 14 presos e seis moradores feridos.O Complexo da Penha é um conjunto que reúne dez favelas e 128 mil habitantes.