Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os ministros da Justiça, Tarso Genro, da Defesa, Nelson Jobim, e de AssuntosEstratégicos, Mangabeira Unger, terão que comparecer,em data a ser agendada nos próximos 30 dias, à Comissãode Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmarados Deputadios. Eles vão prestar esclarecimentos sobre oposicionamento do governo federal em relação àhomologação da Terra Indígena Raposa Serra doSol e à retirada dos não-índios de lá.Os requerimentos deconvocação foram aprovados hoje (16). Um dos autores, odeputado federal Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), adiantouque o principal objetivo será confrontar idéias com oministro da Justiça."O ministro [TarsoGenro] simplesmente quis dar cumprimento a uma decisão doExecutivo, baixada por decreto, e entendeu ser uma questãomeramente policial. Temos a compreensão que o problema émais grave, ligado à defesa e segurança nacional",afirmou Pannunzio, em entrevista à Agência Brasil."Estivemos na iminência de um gravíssimo conflitoarmado de proporções desconhecidas", acrescentou.Pannunzio explicou quea convocação do ministro Mangabeira Unger foi motivadapelo fato dele supostamente ter impedido que um general do Exércitoe parlamentares da região o acompanhassem em uma viagemoficial pela Amazônia. O governador de Roraima, José deAnchieta Júnior, também deverá comparecer àcomissão, mas na condição de convidado.O líder do PT,deputado Maurício Rands (PE), definiu a convocaçãodos ministros como uma "armadilha da oposição".Ele disse que parlamentares do partido deixaram a reunião dacomissão para tentar impedir a aprovação dosrequerimentos, mas deputados de outros partidos da base acabaram seposicionando favoráveis à convocação."Convocar três ministros para tratar de um únicoassunto caracteriza um excesso, uma desproporcionalidade",reclamou Rands.O deputado federalMárcio Junqueira (DEM-RR) disse que vai cobrar do ministro daJustiça explicações sobre os gastos do governofederal com a Operação Upatkon 3 em Roraima. "Hojese encontraram no estado 500 policias, 60 caminhonetes, um grandeaparato bélico. Eles estão comendo e gastando diárias.Isso é dinheiro do povo. E se daqui a 60 dias um ministro doSupremo pedir vista [das ações pendentes]?",questionou.Segundo Junqueira, apresença da Polícia Federal na Terra IndígenaRaposa Serra do Sol, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF),é necessária, mas "sem todo esse aparato".