Trabalhadores protestam contra Adin que pede fim do uso do amianto

16/04/2008 - 20h59

Da Agência Brasil

Brasília - Trabalhadores brasileiros e de cinco países (Canadá, Rússia,Bolívia, Colômbia e Venezuela) realizaram hoje (16)manifestações contra a Ação Direta deInconstitucionalidade (Adin) movida pela AssociaçãoNacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)que questiona a Lei 9.055/95, que autoriza o uso do amiantono país. O Brasil possui a terceira maior mina de amianto domundo, o parque industrial da Sama, localizado em Minaçu (GO).Para o vice-presidente da Comissão Nacional dosTrabalhadores do Amianto Crisotila, Adilson Santana, a proibiçãoe o fim da utilização das minas podem deixar cerca de 170 miltrabalhadores desempregados. Ele defende quea atividade do amianto crisotila gera emprego, renda e açõessociais não só para o município de Minaçu,mas para o estado de Goiás e para o Brasil. Santana tambémafirma que o minério não oferece riscos à saúde,pois, atualmente, o uso é controlado.“Trabalhar comamianto não oferece mais risco para ninguém. Nem para ostrabalhadores nem para a população. Não existeessa de que temos que proibi-lo porque ele mata, porque agride. Arealidade de hoje não é mais a realidade que a gente tinhanos anos 80. Os trabalhadores ficavam expostos à poeira doamianto, e não podiam. Em função disso, algunstrabalhadores tiveram algum tipo de problema de saúde devido àfalta de controle no passado”, afirma.Entretanto, deacordo com o presidente da Anamatra, Cláudio Montesso, estudosda Organização Mundial de Saúde (OMS) revelamque a exposição ao minério causa danosirreversíveis à saúde como tumores e doençaspulmonares. “É bom lembrar que o aparecimento dessas doençasdemanda tempo, não é algo que surja com apenas um oudois anos de contato. Isso leva algum tempo, por isso, éimportante prevenir cedo”, diz.Esta, segundo ele, éa principal causa do pedido de Adin ao Supremo Tribunal Federal(STF). Montesso conta que o número de açõesindenizatórias que tramitam na Justiça do Trabalho,devido à exposição ao minério, émuito grande.Ainda não há data definida para o julgamento da Adin. Mas,caso seja aceita, segundo Montesso, provavelmente não haverámais mercado para o amianto no país e o parque industrialseria fechado.“Nesse caso,teremos que fazer algum tipo de atuação compensatóriana vida desses trabalhadores como projetos que absorvam a mãode obra, e mantenham a atividade local. Nos casos de produtos quelevam amianto no processamento, como os materiais de construção,já existem fibras que podem substitui-lo, como opolipropileno”, disse.