Para economista da FGV, aumento da Selic foi decisão preventiva

16/04/2008 - 20h36

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na avaliação do economista SalomãoQuadros, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FundaçãoGetúlio Vargas, a decisão do Comitê de PolíticaMonetária (Copom) do Banco Central de aumentar para 11,75% ataxa básica de juros foi cautelosa e preventiva, ante apossibilidade de elevação da inflação.“Acho que é uma atitude correta. Talvez,pudesse até esperar um pouquinho para ver se realmente ainflação está acelerando. Mas, do ponto de vistada autoridade monetária, acho que ela está sendocauteloso. E se a inflação voltar a cair, pode ser maisrápido esse ciclo”, apontou.

Para o economista, a alta de 0,50ponto percentual definida pelo Copom pode ser um primeiro movimentoascendente da taxa Selic, após um período de redução(desde maio de 2005, a Selic não sofria reajuste). Quadroconsiderou, entretanto, que a medida não terá nenhumimpacto imediato.

Ninguém espera, porém,que o Copom vá ficar somente nesse corte, advertiu oeconomista do Ibre. Ele estima que, de agora em diante, nas próximasreuniões, o Copom poderá continuar a aumentar os jurosaté chegar a 1,5 ponto percentual.

Num cenário de elevaçãodos juros, pode se esperar algum efeito de valorizaçãona taxa de câmbio e também no juro do crédito, deacordo com Quadros. “Porque toda vez que a taxa Selic sobe, o jurodo crédito também acompanha”, exlicou.

Ele estimou que haveráconseqüências também para o investimento, que estácrescendo hoje a uma taxa entre 10% a 12% ao ano. “Pode ser que oinvestimento dê uma ligeira esfriada”, avaliou.

Quadros argumentou que o BancoCentral não quer provocar nenhuma grande desaceleraçãona economia, ao aumentar a Selic. “O Banco Central tem que manter ainflação dentro da meta. Acho que ele está vendoa inflação aumentar, embora eu acredite que ela nãovai aumentar muito mais do que isso. Mas, também, nãoposso garantir que ela já parou de subir. Então, comoele está muito preocupado em não deixar que a inflaçãoescape muito do centro da meta, alguma coisa teria que fazer”.