Da Agência Brasil
Brasília - Representantes do governo e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vão se reunir amanhã (17) para discutir maneiras de melhorar o financiamento de habitações populares no meio rural.A reunião foi marcada em uma audiência no gabinete do ministro das Cidades, Márcio Fortes, na qual foi constatada que não foi utilizada toda a verba destinada à habitação rural por problemas com os projetos apresentados por entidades como o MST.O movimento alega que a burocracia excessiva e as diferenças de exigências em cada estado dificultam a apresentação de projetos para utilização dos recursos liberados pelo Ministério das Cidades. O ministro aponta a falta de propostas e o atraso na apresentação deprojetos pelas entidades interessadas como uma dasprincipais causas da não-utilização dos recursos.“Amanhã, sentam-se os representantes do MST, com a problemática do país inteiro, e a Caixa, para verificar o que tem que ser feito de sua parte. Para verificar porque houve atraso na apresentação dos projetos e do lado de cá ver que pontos tem de que ser aperfeiçoados”, disse o ministro.Segundo Márcio Fortes, o Ministério das Cidades disponibilizou, no ano passado, R$ 160 milhões para a construção de moradias no meio rural. Entretanto, segundo Fortes, apenas R$ 40 milhões foram utilizados efetivamente. Ainda segundo ele, poderiam ter sido construídas aproximadamente 31 mil casas, mas só foram erguidas cerca de 7,5 mil habitações.“Por que nem todos os projetos foram realizados é o que está sendo discutido agora. Foi por questão de tempo? Atraso na apresentação? Ou pode ter havido algum embaraço de exigências locais”, explicou Fortes.O ministro reconheceu que existem dificuldades burocráticas, principalmente em relação às diferenças de exigências entre os estados, que atrapalham a apresentação das propostas.“Por isso que estamos fazendo uma reunião [amanhã] para identificar o que há, de um lado, de dificuldade de apresentar projetos e o que há, do outro lado, em relação à tramitação”, ressaltou o ministro.A integrante da coordenação nacional do MST Marina dos Santos, que participou da reunião, disse que o resultado do encontro foi satisfatório, pelo fato de o ministro ter se comprometido a revisar as regras que, segundo o MST, dificultam a apresentação de projetos. Além disso, segundo ela, Fortes também garantiu que buscará recursos para construir 100 mil moradias no meio rural, uma das demandas do movimento.“O ministro se comprometeu a articular internamente para garantir os recursos que faltam para a construção das casas, o déficit das 100 mil casas prometidas do ano passado”, afirmou a sem-terra.Fortes confirmou que irá buscar mais recursos para projetos de habitação rural. “O que nós temos de fazer é conseguir mais recursos ou do Fundo de Garantia ou de suplementação dentro o OGU [Orçamento Geral da União]”, afirmou.De acordo com a dirigente do MST, outro ponto discutido foi a criação de um programa específico para a habitação rural. “O ministro se comprometeu a fechar esse programa de habitação rural, de acordo com as demandas e realidade do meio rural brasileiro de hoje. Porque não existe ainda um programa para o meio rural”.A reunião de hoje (16) foi realizada depois que manifestantes do MST ocuparam o edifício-sede da Caixa Econômica Federal por volta das 5h. Os sem-terra permaneceram no local até o início da tarde, quando foi acertada a reunião com o ministro, que compareceu pessoalmente ao local. Também participaram da audiência, o vice-presidente da Caixa, Jorge Herada e representantes do Ministério da Fazenda, do Trabalho, da Secretaria Geral da Presidência e do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).A reunião de amanhã (17) reunirá representantes do MST, da Caixa e do Ministério das Cidades para discutir os problemas da habitação rural apresentados na audiência de hoje.