BC deveria aumentar o depósito compulsório e não a Selic, avalia economista

16/04/2008 - 20h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O economista da Universidade Federal do Rio deJaneiro Reinaldo Gonçalves disse hoje (16) que nãohavia necessidade de aumentar a taxa básica de juros, uma vezque a inflação brasileira é mais ligada ao custodo que à demanda.Para ele, ao contrário de elevar a Selic em0,50 ponto percentual como fez hoje (16), o Comitê de PolíticaMonetária do Banco Central (Copom) poderia optar pelo aumentodo depósito compulsório. “Ou seja, reduzir a base deexpansão de crédito”, explicou.

Na visão de Gonçalves,o aumento seria uma alternativa somente se fosse registrada no paísuma pressão inflacionária muito forte, “o que nãoé verdade”. O economista afirmou que a elevaçãoda taxa de juros mostra a inconsistência macro-econômicado governo Lula. “Porque, ao mesmo tempo em que você estáaumentando a taxa de juros, você está mantendo umaexpansão de crédito muito forte na economiabrasileira”.

Segundo o economista, os impactospoderão ser observados pelas pessoas endividadas, que verãoa renda cair. A expectativa em termos de investimentos e gastostambém se deteriora, apontou Gonçalves.

“Sinaliza [o aumento da taxaSelic] mais uma vez aquela história do vôo da galinha. Aeconomia cresce, tem uma pressão inflacionária e osjuros voltam a subir. É aquela gangorra. Juros caem, a rendasobe. Aí, os juros sobem e a renda cai. Isso deteriora muitoas expectativas em relação à economiabrasileira”, registrou.

Reinaldo Gonçalves disse,ainda, que o aumento dos juros mantém o mecanismo de atraçãode capital de curto prazo especulativo para o Brasil, deixando odólar num patamar artificialmente muito baixo e prejudicial àatividade produtiva.