Uso de recursos do Bolsa Família é adequado, diz dirigente do Banco Mundial

28/03/2008 - 20h58

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A taxa de adequação no uso dosrecursos do Bolsa Família é uma das maiores entre osprojetos sociais desenvolvidos em todo o mundo. Ou seja, grande partedos recursos são realmente usados para a finalidade a que sedestinam. A informação é davice-presidente do Banco Mundial para área de DesenvolvimentoHumano, Joy Phumaphi, que encerrou hoje (28) uma visita de cinco diasao Brasil para conhecer os principais programas do país nasáreas de saúde, educação e proteçãosocial. Em entrevista coletiva à imprensa, emBrasília, Joy Phumaphi elogiou o programa de transferênciade renda dizendo que ele dá lições para o mundo,não só de como tirar pessoas da pobreza de maneiraimediata, mas de como integrar ações na área dasaúde e educação.Questionada sobre um possível desvio nofoco do programa, já que, segundo o Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE) as famíliasbeneficiárias estão adquirindo eletrodomésticoscom os recursos que, a princípio, deveriam garantir asegurança alimentar, a representante do Banco Mundial disseque nunca viu “um só programa de proteçãosocial onde 100% dos recursos sejam aplicados na finalidade doinício.”Provocada a emitir uma opinião maisobjetiva sobre o uso dos recursos do Bolsa Família, Phumaphicontou o caso de um grupo de órfãos que comprou umtelevisor com o dinheiro que recebia de um programa social do governode Botswana.”Surgiu a questão se o governo deveriareaver o recurso. Quando fomos ver as crianças, descobrimosque elas cobravam entradas da vizinhança para assistir TV e osmais velhos usavam o dinheiro arrecadado para fazer cursos porcorrespondência. Tinha virado um programa de geraçãode renda e eu gostei dessa inovação. Foi um uso muitoprodutivo dos recursos”, considerou.Ela destacou, no entanto, que nem sempre aalteração no uso dos recursos é produtiva,podendo haver casos de abusos.“Nunca podemos evitar totalmente esse tipo deproblema, mas podemos dizer com toda a confiança, comoparceiros de projetos sociais em vários países, que oBolsa Família tem uma das maiores taxas de uso adequado dorecurso para as finalidades pretendidas em comparação atodo o mundo”, observou.O Banco Mundial presta assistência ao BolsaFamília desde a criação do programa e jádestinou de 2004 até agora U$ 572 milhões para suaexecução. A ajuda tem permitido cobrir, anualmente,cerca de 9% dos custos do Bolsa Família.O investimento no programa brasileiro é omais alto do órgão internacional na área social,no país. Para o Brasil, foram destinados cerca de U$ 990milhões especificamente para a área social. O Fundo deFortalecimento da Escola (Fundescola), do Ministério daEducação, recebeu U$ 280 milhões e o SistemaNacional de Vigilância em Saúde (Vigisus II), US$ 110milhões.Sobre as impressões das visitas aos estadosde São Paulo, Ceará e ao Distrito Federal, paraconhecer programas sociais locais, Phumaphi disse que o Brasil tembons exemplos na área para mostrar ao mundo. “O enfoqueprincipal do Brasil é na inclusão, que todos tem queparticipar para garantir o êxito nesses trabalhos. Há umenfoque no aprofundamento da qualidade e das soluçõesinovadoras”, afirmou. Para ela, a ênfase na qualidade da gestãoe nos mecanismos de controle social dos programas sãoprincípios que vão seguir fazendo do Brasil um lídernessa área.