Secretária propõe pacto de toda a sociedade para combate ao trabalho infantil

28/03/2008 - 16h06

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A união de esforços entre as esferas de governo e a conscientização das famílias que vivem no campo são fundamentais para combater o trabalho infantil no Brasil. A avaliação foi feita pela Secretária Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ana Lígia Gomes. Segundo ela, a tendência de queda nos índices de trabalho infantil, apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de consistente, ainda é pequena. "Para combater essa realidade é preciso haver um pacto muito forte em toda a sociedade para não tolerar o trabalho infantil. Nós sabemos que as crianças trabalham porque precisam trabalhar, mas há também uma linha tênue que separa a exploração do trabalho infantil e a transmissão de cultura entre pais e filhos, como no caso das colônias alemãs e italianas no sul e da população do nordeste, onde isso tradicionalmente ocorre", disse.Em 2006, 1,4 milhão de crianças com idade entre 5 e 13 anos já trabalhavam, apesar de a legislação brasileira permitir o trabalho como aprendiz somente a partir dos 14 anos. Em muitos casos, essa atividade era exercida no campo e sem remuneração. De acordo com o levantamento, 41,4% das crianças entre 5 e 17 anos que trabalham exercem atividades agrícolas. Na faixa de 5 a 13 anos, essa proporção atinge 62,6%.Para Ana Lígia, garantir informação aos pais sobre os riscos vividos por essas crianças ao trabalhar, principalmente no campo, pode ser decisivo nessa luta."Hoje ninguém trabalha na agricultura sem agrotóxico e os pais precisam saber os riscos a que essas crianças são submetidas. A punição não basta, é preciso que eles entendam. Quanto mais informação e escolarização os pais têm, mais a criança fica fora do trabalho infantil", disse.