Diretor da Anac descarta "risco iminente" em aeroportos notificados por falta de segurança

28/03/2008 - 18h20

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Alexandre Gomes de Barros, garantiu hoje (28) que não existe “risco iminente” de acidentes nos 175 aeroportos e aeródromos de pequeno e médio porte notificados pela agência por problemas de segurança. Embora reconheça que as deficiências de infra-estrutura aumentam a probabilidade de acidentes, Barros minimizou o problema.

“Não é que não haja risco, pois se fosse assim não haveria problema. O que não existe é um risco iminente”, disse, em entrevista coletiva na sede da agência. Ele acrescentou que o perigo ainda é menor que os possíveis transtornos causados pela eventual interdição dos aeroportos, ao informar que a maioria deles está localizada em regiões de difícil acesso e é a única alternativa de transporte rápido para a população.

Barros alegou razões de segurança e não divulgou quais aeródromos (pistas de pouso homologadas pela Anac) e aeroportos (aeródromos que contam com terminais de passageiros) podem ser fechados se não houve adequação às normas dentro dos prazos determinados pela agência, que podem variar de 60 a 180 dias.

“Muitos desses problemas podem ser solucionados rapidamente, com facilidade. Outros são mais complexos e exigem ações corretivas. Em casos extremos, onde há um risco maior, não hesitaremos em interditar o aeroporto se nada for feito", afirmou o diretor.

Ele explicou que dois itens de segurança são verificados nos aeroportos que a Anac visita: "A segurança operacional, ou seja, falhas no sistema que possam contribuir para um acidente, como a condição das pistas e a existência de lixões nas proximidades, e a segurança contra ações de indivíduos que possam causar danos aos aviões, o que envolve a utilização de equipamentos de raio-X, o controle de acesso a áreas restritas e o transporte de objetos perigosos."

E destacou: "O que nos preocupa é que muitos desses aeródromos e aeroportos são administrados por prefeituras ou estados e estão localizados em áreas de difícil acesso por qualquer outro meio de transporte. Qualquer interferência da Anac poderia causar sérios problemas às comunidades próximas.”

Dos 175 aeroportos e aeródromos notificados, a maioria (60) fica na Região Sul. Em seguida vêm as Regiões Norte (46), Nordeste (28), Sudeste (26) e Centro-Oeste (15). E 62% (109) operam apenas com a chamada aviação geral – aviões particulares, táxis-aéreos e helicópteros. Os outros 38% (66) recebem vôos regulares de passageiros e cargas. 

A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) administra apenas 5%; aos estados e municípios cabem 75% e os restantes são particulares. “Infelizmente, não é papel da Anac – é dos administradores – decidir quais são os aeroportos essenciais para as comunidades", disse Barros, ao sugerir que a solução do problema passa por mais investimentos e pode, inclusive, exigir a flexibilização de algumas das atuais normas de segurança aeroportuária. Ele confirmou que a Anac pretende pedir o apoio de deputados e senadores para a formação de um grupo de trabalho dedicado a encontrar uma solução: “Muitos desses aeródromos teriam sérias dificuldades para resolver esses problemas sem o auxílio dos governos estadual ou federal, ou sem uma alternativa que permita a manutenção das operações."