MST e ribeirinhos protestam contra venda da Cesp

24/03/2008 - 20h43

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 500 integrantes do Movimento dos TrabalhadoresRurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) protestaram hoje (24), no Pontal do Paranapanema, contraa privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). A empresa deve ser arrematada em leilão previsto para quarta-feira (26), na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).Segundo a coordenação do MST, nesta tarde, os manifestantesrealizaram ato público no município de Rosana (SP) para tentar impedir a vendada estatal paulista. De manhã, eles ocuparam trechos de rodovias que dãoacesso às usinas Engenheiro Sergio Motta, em Rosana, e Engenheiro Souza Dias(Jupiá), em Castilho, no interior do estado.A Cesp informou que nenhuma das usinas foi invadida e ageração de energia não foi prejudicada nos locais. “As usinas são patrimônio público, construído com dinheiro do BNDES[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Elas não podem ser vendidaspara estrangeiros, que querem controlar nossa água e energia”, afirmou Cledson Mendes, da coordenação nacional do MST, que participou dasmanifestações.Em comunicado, o MST informou que a Cesp é responsável por60% da energia gerada no estado de São Paulo e é a terceira maior empresa do país nosetor. A companhia tem seis usinas e, segundo os manifestantes, valeR$ 12 bilhões. De acordo com o MST, o valor mínimo para compra da empresa no leilão, no entanto, será de R$ 6 bilhõesSegundo Mendes, a privatização da companhia também vaiculminar na retirada da população ribeirinha do local onde vivem e trabalhamatualmente. “Eles [governo de São Paulo] dizem que as famílias serão indenizadas,mas isso não agrada a ninguém”, afirmou o representante do MST. “Depois, ninguém vai poderá voltar ao rio e trabalhar ondeviveu por 30 anos.”Mendes anunciou também que, no dia do leilão, os manifestantes vão protestar em frente à sede da Bovespa.Procurado pela Agência Brasil para comentar a privatização da companhia, o governo do estado de São Paulo não se manifestou até a publicação desta reportagem.Além dos protestos, a venda da companhia também é alvo de ações judiciais. O PT, o P-SOL e o Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de SãoPaulo já entraram naJustiça para tentar suspender a venda da venda.